2024 trouxe à Davis Cup momentos que ficarão para sempre gravados na história do ténis. Naturalmente, pelo triunfo italiano a fechar uma época de coroação para Jannik Sinner, mas, acima de tudo, pela despedida de um dos melhores atletas de sempre com uma raquete na mão, Rafael Nadal.

A Final 8 arrancou no dia 19, em Málaga, com a Espanha a defrontar os Países Baixos. A experiência de Rafa uniu-se à juventude da nova estrela espanhola, Carlos Alcaraz, para defrontar uma seleção que acabaria por chegar à final da competição. No primeiro jogo, o vencedor de 22 títulos do Grand Slam caiu por 2-0 (6-4 e 6-4), frente a Botic Van de Zandschulp, 80.º do ranking ATP. A vitória no segundo jogo de Carlos Alcaraz, por 6-7 e 3-6, igualou as contas e levou a eliminatória ao desempate a pares, onde os neerlandeses levaram a melhor com duas vitórias no tie-break.

Adeus, Rafa

Estava, assim, colocado um ponto final no percurso de Nadal no ténis, de uma maneira que, aos olhos de muitos, não se elevou ao nível da carreira do astro espanhol. Talvez pela surpreendente eliminação numa fase tão prematura da competição. De facto, a cerimónia distanciou-se da despedida de Roger Federer, em 2022, que contou com a presença dos grandes históricos da modalidade.

Ainda assim, Rafa não deixou de contar com uma ovação de mais de 10 mil pessoas (alguns deles pagaram entre 30 e 70 mil euros) e um vídeo a homenagear as duas décadas da sua carreira.

Quartos de final

De volta ao court, o segundo dia de competição colocou a Alemanha e o Canadá em confronto, na única eliminatória dos quartos de final que não chegou ao desempate a pares. Primeiro, Daniel Altmaier venceu Gabriel Diallo (88.º e 86.º do ranking, respetivamente), por 7-6 e 6-4. Depois, Jan-Lennard Struff fechou as contas e colocou os alemães nas meias-finais, depois do triunfo por 1-2, diante de Denis Shapovalov (4-6, 7-5 e 7-6).

Seguiram-se os duelos entre os Estados Unidos da América e a Austrália. Nas partidas singulares, Thanasi Kokkinakis (77.º mundial) surpreendeu Bem Shelton (21.º) em três sets (1-6, 6-4 e 6-7), mas Taylor Fritz (quarto mundial) superiorizou-se a Alex de Minaur (nono no ranking ATP), com vitórias por 6-3 e 6-4. No desempate, os australianos não perderam qualquer set (4-6 e 4-6) e fizeram as malas à equipa norte-americana.

No mesmo dia, italianos e argentinos chegaram, também, ao confronto a pares. Antes disso, Lorenzo Musetti (17.º) caiu contra Francisco Cerundolo (30.º), por 4-6 e 1-6, mas Sinner estendeu-lhe a mão (6-2 e 6-1 frente a Sebastian Baez, 27.º do ranking ATP). Para fechar a eliminatória, o líder mundial juntou-se a Matteo Berrettini (35.º) para vencer em dois sets (6-4 e 7-5) a Argentina.

Vamos às “meias”

Até ao fim desta edição da Davis Cup, não mais se viram jogos a pares. Na sexta-feira, deu-se batalha de vizinhos: alemães e neerlandeses. A oitava eliminatória entre estas nações na competição centenária iniciou-se com o encontro entre Botic Van de Zandschulp e Daniel Altmaier. Após duas horas e 42 minutos e nove match-points perdidos, os Países Baixos tomaram a vantagem.

Para fechar, Tallon Griekspoor (40.º) agarrou a inédita presença neerlandesa nas finais da Davis Cup, depois de levar a melhor frente a Jan-Lennard Struff. 7-6, 5-7 e 4-6 foram os parciais do confronto. Destaque para os 25 ases registados por Griekspoor.

Com uma vaga por preencher na disputa pelo troféu, juntaram-se os finalistas da edição de 2023. De um lado, a equipa italiana entrou no último dia de competição com esperanças de chegar à segunda final seguida. Do outro, estava em jogo a terceira presença consecutiva para a Austrália em confrontos do título.

Na disputa, falou-se apenas italiano. Berrettini começou por vencer Kokkinakis, depois de perder o primeiro set (6-7, 6-3 e 7-5). Para garantir o bilhete para as finais, o líder mundial voltou a cumprir com o favoritismo e bateu Alex de Minaur (6-3 e 6-4), conquistando a nona vitória no mesmo número de duelos com o australiano.

Tudo pela “saladeira”

Domingo foi o dia de todas as decisões. Itália e Países Baixos repetiram os tenistas e a ordem com que subiam ao court das meias-finais.

Matteo Berrettini voltou a ser figura de destaque. O italiano, que tem vivido tempos fortemente condicionados por lesões, tendo faltado à final de 2023 e apenas retomado a competição em março deste ano, comandou a partida contra Van de Zandschulp e ganhou ambos os sets (6-4 e 6-2). Nos 77 minutos em campo, o número 35 do ranking ATP não enfrentou qualquer break-point, registando 28 winners e 16 ases.

Quem mais poderia encerrar a disputa? Pois claro, Jannik Sinner, que voltou a vencer todos os sets do duelo. O tenista de 23 anos ainda suou no primeiro parcial, com Griekspoor a tornar-se no primeiro jogador a ganhar mais de quatro jogos a Sinner desde outubro. O primeiro set decidiu-se no tie-break (7-2), numa história completamente diferente do segundo jogo, no qual o italiano venceu confortavelmente por 6-2.

A cereja no topo do bolo de uma época inesquecível. O número um mundial termina o ano com nove títulos, entre os quais as ATP Finals, o Australian Open e o US Open, e 73 triunfos em 79 jogos. Para além destes feitos, Sinner junta-se a Roger Federer como os únicos tenistas na Era Open a conquistar pelo menos um set em todos os jogos realizados num ano.

Temos bicampeã. A “saladeira” permanecerá em solo italiano por mais um ano, sendo este o primeiro país a ganhar a Davis Cup em duas edições consecutivas desde a Chéquia, em 2012/13. Mais que isso, a Itália torna-se apenas na terceira nação a vencer esta competição dias depois de conquistar a Billie Jean King Cup.