Chamar-lhe um segredo seria eufemístico. Há quase um ano e meio, o jornal “Marca” revelou que a Nike, cujo símbolo quase se confundia com a seleção nacional de futebol, ia deixar de equipar Portugal e a sua substituta seria a marca alemã que tem um grande felino no seu logótipo. Esta quarta-feira, a pouco mais de um mês de o contrato com a gigante norte-americana terminar, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) confirmou o que nunca desmentiu desde a tal notícia: a partir de janeiro próximo, a Puma passará a vestir as seleções nacionais.

Ao anunciar formalmente o acordo na Cidade do Futebol, o presidente Fernando Gomes alinhou a realidade com o noticiado o ano passado. Revelou como há “um ano e três meses” se fechou o vínculo com a Puma após a entidade “auscultar o mercado” e ser “agradavelmente surpreendida” pela marca germânica, “que se mostrou extremamente entusiasmada”. Para o líder que em breve deixará o leme da FPF, a parceria “é estimulante” e o seu início será “um momento orgulhoso”.

Até quando durará a nova contrato? Não se sabe ao certo, mas Fernando Gomes, não querendo fixar uma data, acabou por desvendar o prazo: “Será de longa duração, em linha com aquilo que estabelecemos. É público que todos os nossos contratos vão até 2030 e este não deixará de respeitar essa duração para permitir o retorno do investimento.” Portanto, caso Portugal se qualifique, a Puma estará nas camisolas que a seleção principal masculina levará aos dois próximos Campeonatos do Mundo (2026 e 2030) e ao Europeu que se segue (2028).

A parceria abrange todas as seleções nacionais na esfera da FPF, portanto, além do futebol, também o futsal e o futebol de praia terão novos equipamentos.

O último torneio em que a seleção nacional masculino equipou com algo que não a Nike foi o Europeu de 1996, quando o fornecedor oficial era a Olympic.
O último torneio em que a seleção nacional masculino equipou com algo que não a Nike foi o Europeu de 1996, quando o fornecedor oficial era a Olympic. Stewart Kendall/Allstar

A história com a Nike foi farta, obesa até, tal e qual o tempo que durou. Em 1997, saído de um Campeonato da Europa onde a afamada juventude portuguesa mostrou os seus laivos adultos que apenas foram enganados por uma colherada dada na bola por Karel Poborsky, Portugal tinha uma seleção nacional recheada de talento e cheia de promessa, mas que equipava com Olympic. A partir desse ano, tudo mudou.

Pode-se dizer que para melhor. A Nike ficou responsável por equipar e vestir as seleções nacionais e desde o início da parceria que a principal seleção de Portugal apenas falhou uma grande competição (o Mundial de 1998), colecionando vários pontos altos: a conquista do Euro 2016 é óbvia, mas antes chegou à final da edição caseira de 2004, além das meias-finais do torneio de 2000 e do Mundial de 2006. Depois, ainda houve a vitória na Liga das Nações inaugural, em 2019.

A maioria dos feitos desenrolou-se com a marca norte-americana do swoosh como símbolo, estes e os da seleção principal feminina, que se estreou em Europeus (2017) e Mundiais (2023) com a Nike. Nas mulheres como nos homens, a Nike reforçou a sua presença no futebol português ao calçar e equipar as suas figuras maiores: Cristiano Ronaldo calça, desde a adolescência, as chuteiras da marca, sendo hoje o jogador-bandeira da marca; e Jéssica Silva, a durante muito tempo futebolista mais reputada no futebol jogado por mulheres, também as tem há muito nos seus pés.

A atração por Portugal, pelas suas seleções e respetivos futebolistas era, para Arne Freundt, CEO da Puma, uma evidência quase irresistível. “Quando olhas para a história da Puma, faltava-nos uma seleção nacional de classe mundial que nos representasse nas melhores competições”, enquadrou, ao falar aos jornalistas na Cidade do Futebol, em Oeiras. “Portugal, além de mostrar as melhores performances, tem um grande futuro. Acredito que o plantel de jogadores é muito, muito forte, além de que a massa adepta que segue Portugal é das maiores do mundo”, elogiou o líder da marca alemã.