Foram conhecidos este fim de semana os finalistas da 15ª edição da Liga Portuguesa de Futebol Americano. Os Cascais Crusaders venceram os Braga Warriors num jogo decidido em momentos-chave, enquanto os Lisboa Devils levaram a melhor sobre os Lisboa Navigators num duelo duro, sem touchdowns, onde as defesas foram donas e senhoras do jogo.

Quando o melhor e o pior se misturam no mesmo jogo

O primeiro duelo do fim de semana colocou frente a frente Crusaders e Warriors. E que batalha nos proporcionaram! Logo desde os primeiros snaps percebeu-se que seria um jogo de linhas, de contacto físico, de luta no meio do relvado, de resistência. As defesas impunham-se e a linha de scrimmage era disputada como se cada centímetro valesse um campeonato. Os quarterbacks Matias Manuel (Crusaders) e Tiago Ranhada (Warriors) foram postos à prova constantemente e tiveram dificuldades em ajustar.

O primeiro momento de viragem surgiu após um erro nas equipas especiais dos Warriors, que ofereceram aos Crusaders uma excelente posição em campo. Matias Manuel, com frieza e instinto, não perdoou e correu para o primeiro touchdown da tarde. Um golpe duro para os Warriors, que ainda assim responderam com carácter, movendo a bola com consistência. Mas, quando se aproximavam da redzone, tropeçavam nos próprios pés. Faltava execução e sobrava nervosismo.

Mesmo antes do intervalo, novo revés: Tiago Ranhada perdeu a bola, Sebastião Monteiro agarrou-a e arrancou por ali fora, mais de 50 jardas num sprint solitário até à endzone. Um momento de pura emoção que elevou os Crusaders a uma vantagem confortável de duas posses de bola ao intervalo.

Na segunda parte, os Warriors entraram determinados e, com esforço e coragem, reduziram distâncias através de uma entrada decisiva de Ranhada na endzone a seguir bloqueios de Vítor Mendes e companhia. O jogo ganhava vida para os 12 minutos finais. Mas quando era preciso nervos de aço, quem brilhou foi Matias Manuel. Conduziu um drive cirúrgico, culminado com um passe milimétrico em profundidade para Gustavo Machado, que praticamente sentenciou a partida.

Os Warriors ainda tentaram reagir, mas já era tarde. A defesa dos Crusaders fechou todas as portas e não deixou espaço para milagres. No final, fica a sensação de que os Warriors foram, por momentos, a melhor e a pior equipa em campo. Entre altos e baixos, foram os Crusaders quem encontrou o seu equilíbrio. Mais consistentes, mais frios, mais eficazes, como se espera de uma equipa com aspirações ao título.

Vitória por 20-7 e terceira final em quatro anos para os Crusaders. Nada acontece por acaso.

Quando as defesas falam mais alto do que os ataques

O segundo encontro do fim de semana foi um verdadeiro teste à resiliência dos jogadores, e à pulsação dos adeptos. Os Lisboa Devils receberam os Lisboa Navigators no mesmo relvado da final do ano passado, palco de memórias menos positivas para os visitantes. A missão era clara: inverter o desfecho e regressar ao jogo decisivo da temporada.

Logo nos primeiros minutos percebemos que este jogo teria outra natureza. Aqui, não seriam os ataques a brilhar. As defesas impuseram o seu domínio absoluto, e cada jarda conquistada parecia arrancada a ferros. Os Navigators confiaram nas corridas explosivas de Jardel Andrade, enquanto os

Devils colocavam a bola nas mãos de Jesuíno "Juzz" Furtado para ganhar terreno. Mas sempre que se aproximavam da redzone, erguiam-se muralhas intransponíveis.

Ao intervalo, os Devils venciam por 3-0, graças a um pontapé aos postes certeiro de Guilherme Solipa, num jogo onde cada ponto parecia ouro, esses três pareciam fundamentais.

Na segunda parte, os Navigators procuraram agitar o jogo com o braço de Nuno Rodrigues, mas a defesa dos Devils manteve-se sólida. E, verdade seja dita, os próprios Devils jogaram com receio na sua dinâmica ofensiva. Mérito total para a unidade defensiva dos Navigators com destaque individual a Edinaldo "Naca" Estrela, Bernardo Freitas e Afonso Silva que assinaram uma exibição colectiva absolutamente notável. Faltou-lhes apenas o prémio final, assim é o futebol americano.

A emoção atingiu o seu auge a 32 segundos do fim, quando os Navigators, ainda apenas a uma posse do empate, ou até da vitória, arriscaram tudo na última jogada. A tensão era palpável até que Carlos Neves surgiu do nada, com uma leitura perfeita, e intercetou o passe decisivo para eliminar essa tensão. E a vitória ficou para os Devils, com novo pontapé aos postes de Solipa na segunda parte, fixando o resultado final em 6-0.

Tudo se decide a 11 de Maio

A grande final está marcada: 11 de Maio, no Complexo Desportivo Municipal São João de Brito, casa dos Lisboa Bulldogs, será o palco da terceira final da história entre Cascais Crusaders e Lisboa Devils. Um jogo com tudo para ser memorável: para os Devils está em jogo o bicampeonato e a continuidade de uma era; para os Crusaders, a reconquista da glória e a afirmação de uma dinastia. Marque no calendário porque vai ser épico.

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Autor: André Amorim