O desporto em geral e o ténis em particular foram surpreendidos nos últimos dois meses com dois casos positivos nos controlos antidoping: o italiano Jannik Sinner e a polaca Iga Swiatek, nada mais nada menos do que o número 1 do ranking ATP e a segunda melhor tenista do mundo. Em Portugal, decorre o julgamento, que ainda promete fazer correr muita tinta, do caso que envolve a equipa de ciclismo W52-FC Porto com o ex-diretor desportivo, Nuno Ribeiro, a afirmar na última semana que «todos os ciclistas se dopavam» e as substâncias ilícitas chegavam aos quartos dos corredores, para ficarem à disposição dos atletas.
No caso do ténis, os casos só foram conhecidos a posteriori, e Sinner acabou mesmo ilibado e tendo continuado competir, enquanto o assunto se resolvia, em segredo. No caso da polaca, a atleta aceitou, na semana passada, um mês de suspensão para o doping detetado em agosto.
Em ambas as situações, a justificação é que a presença da substancia proibida - trimetazidina (TMZ), que aumenta o fluxo sanguíneo e regula a pressão arterial, melhorando o desempenho físico - terá sido provocada por contaminação. Iga alega que tomou melatonina, um medicamento para o jet lag e problemas de sono.
No caso de Sinner, a defesa do italiano disse que o mesmo teria sido contaminado através de uma massagem do fisioterapeuta que teria curado um corte num dedo com um produto que continha clostebol, um esteroide anabolizante.
A contaminação é uma das defesas mais vezes frequentes usada por atletas que acusam positivo, mas ao longo dos anos há casos em que as justificações são bastante mais surreais e excêntricas.
Mesmo perante um teste positivo e a contra-análise no mesmo sentido, contam-se pelos dedos das mãos os atletas que assumiram que tomaram substâncias proibidas em consciência e há mesmo muitos que se mantêm firmes nas alegações da inocência, sobretudo, quanto à forma como os produtos proibidos foram parar ao seu organismo.
E o que não falta é criatividade na hora de encontrar justificações. Sexo, espionagem, vingança e a alimentação são os mais famosos, mas a lista é longa e imaginativa.
O jogador de futebol Romário, por exemplo, atribuiu o seu positivo a finasterida, em 2007, por causa de um produto para a queda de cabelo que tomava há 10 anos.
Já o sprinter britânico Lewis Francis jurou que o seu controlo que acusou cannabis deveu-se ao consumo passivo.
Não fosse tão bizarro, com a questão das alterações climáticas na ordem do dia e alguém poderia ficar na dúvida quando, após testar positivo para EPO, na sequência da maratona de Perpignan, a francesa Fatima Yvelain – esteve presente nos Jogos Olímpicos Sydney-2000 – explicou que a EPO foi parar ao seu organismo por causa da…chuva. «Choveu muito durante a corrida. Não consigo explicar como, mas a água deve ter arrastado alguma substância que me entrou nos calções e nos ténis. Quando fui ao controlo, essa água contaminou a minha urina», explicou.
Por fim, Mykhailo Mudryk. O extremo do Chelsea foi suspenso provisoriamente após ter sido notificado pela Federação Inglesa de um teste antidoping positivo, segundo o jornal The Times. Mudryk, que se transferiu do Shakhtar Donetsk para o Chelsea no ano passado, por uma verba a rondar os 70 milhões de euros (mais 30 em variáveis), falhou os últimos cinco jogos do clube e não compete desde a partida da Liga Conferência a 28 de novembro.