De San Candido, terra natal de Jannik Sinner, até Turim são 500 quilómetros, mais coisa, menos coisa. Mas a cacofonia de sons estridentes que chegam vindos do pouso do DJ que anima o pavilhão torna tudo isto muito pouco Jannik Sinner, um italiano pouco italiano, cuja primeira língua sempre foi o alemão que se fala no Tirol do Sul, onde nasceu.

Sinner nunca foi a uma discoteca, assumiu em tempos, se calhar isto é o mais próximo que esteve de uma noitada com música em altos berros, mas isso pouco lhe importa. Com a cadência de um metrónomo, com a fiabilidade de um relógio suíço, o tenista de 23 anos construiu uma temporada impressionante.

Venceu dois títulos do Grand Slam, o Open da Austrália e o US Open. Confirmou o número 1 mundial. E agora, quase no fecho do ano, o torneio final do circuito ATP, que junta os oito melhores do ano. O triunfo claro, inequívoco e absolutamente controlado por 6-4 e 6-4 frente a Taylor Fritz, que já tinha derrotado na final do US Open, é apenas o reconhecimento prático de algo que se foi tornando muito límpido ao longo do ano: não sendo perfeito, Sinner foi o tenista mais completo, mais eficaz, mais regular. Nas ATP Finals, mesmo sem Novak Djokovic e com Carlos Alcaraz com problemas de saúde, foi passeando, não perdendo qualquer set até levantar o troféu.

Valerio Pennicino

Defrontando um tenista com quem já se havia cruzado na fase de grupos, Sinner deu-lhe o mesmo remédio. Até o resultado foi igual. Apoiando-se em tiros cruzados impossíveis de apanhar, numa esquerda em dia sim e numa variabilidade de jogo que, no fundo, é o que distingue de um jogador como Taylor Fritz, Sinner quebrou o norte-americano em momentos-chave em cada set.

No primeiro, no sempre importante jogo 7, com um amortie perfeito, pancada que também apareceu este domingo em Turim para elevar ainda mais o jogo de Sinner. E no 2.º parcial quando o marcador estava em 2-2. Fritz ainda teve oportunidade de quebrar o transalpino quando este servia para fechar o encontro, mas aí foi o tremendo saque de Sinner a terminar com qualquer veleidade do adversário.

São assim oito títulos em 2024, 70 vitórias. E ainda há Taça Davis, onde Itália tem pretensões a renovar o título conquistado em 2023. “É o meu primeiro título em Itália, significa muito para mim”, disse logo após a vitória. Um título que é uma cereja no topo de uma temporada de excelência.