Ineficácia versus eficácia: foi o que ditou a pesada derrota do Nacional na receção ao Gil Vicente, este sábado, numa tarde soalheira na Choupana, que acabou bastante cinzenta face ao resultado final (0-3).

O Nacional foi a equipa com mais posse de bola, que mais situações de perigo para a baliza adversária criou, mas, no último terço, não conseguiu alcançar o sucesso. Basta olhar-se para a estatística do jogo: dos 18 remates registados, meia dúzia foram enquadrados à baliza e nenhum golo.

Paulinho Bóia (13'), em zona frontal, de pé direito, obrigou Andrew a boa intervenção; através de livre, Fuki Yamada (26'), levou a bola às malha lateral; o capitão Luís Esteves, descaído na esquerda, dentro da área, vê Andrew negar-lhe o golo, cedendo canto; noutro remate de Paulinho Bóia (67') o esférico, rasou o poste; novo livre de Yamada (73') para voo de Andrew a evitar golo e, na sequência de um canto, Daniel Penha (84') acertou em cheio no poste: eis as ocasiões dos insulares que ficaram rotuladas como ineficazes.

Do outro lado, a eficácia resume-se em três remates enquadrados à baliza, três golos. Até parece fácil, não é? Certo é que os gilistas souberam ser pacientes a segurar o ímpeto dos insulares, mesmo que para isso Touré e Félix Correia tivessem de recuar para dar ajuda (preciosa) a estancar o meio-campo, e sem que Zé Carlos ou Mutombo pudesses explorar profundidade pelas alas tantas vezes quanto César Peixoto desejava.

Então vamos lá à timeline: Félix Correia (16') conduziu a bola pela direita, tocou para Zé Carlos, que cruzou para o coração da área, onde Ulisses Rocha cortou receção a Fujimoto, com o esférico a sobrar para Félix Correia, que a no ar e, de primeira, num remate em arco, assinou um golaço; aos 62 minutos, numa boa jogada coletiva, Félix Correia recebeu na área, Zé Vítor fez o corte, na ressaca Fujimoto rematou ao poste e, na recarga, Pablo, recém lançado no jogo, aumentou a vantagem e, aos 81, na cobrança de um penálti, a sancionar lance na área entre Zé Carlos e Appiah, com o camisola 70 a tocar a bola com o braço esquerdo, Félix Correia, com frieza e confiança bisou (guarda-redes para um lado, bola para o outro).

Com o selecionador nacional, Roberto Martínez, na bancada a assistir ao jogo, em tempo de Quaresma quem reinou foram os galos. A vitória é incontestável e os três pontos somados dão sopro de oxigénio no que à tentativa de fuga do lugar de play-off da despromoção diz respeito.

Antes do apito para o intervalo, os ânimos aqueceram nas bancadas e no banco do Nacional em sinal de desacordo com os dois minutos de compensação assinalados pelo árbitro (Iancu Vasilica) e nessa sequência Rui Encarnação, guarda-redes suplente, foi expulso com cartão vermelho direto e o treinador Tiago Margarido foi chamado à atenção.

E no reatamento as coisas continuaram a correr mal aos insulares. O segundo golo apareceu cedo, as primeira alterações foram feitas aos 74 minutos e pior ficou quando o VAR analisou lance de Appiah, recém entrado, em que considerou mão na área. Já nos descontos, Tagueu ainda festejou tento de honra, mas em novo lance que foi ao escrutínio do VAR, foi considerada falta de Ulisses, que tocou a bola com a mão antes de fazer o cruzamento para o golo.

Reações dos treinadores

Tiago Margarido (Nacional)

«É um jogo extremamente ingrato para nós. O resultado, na minha ótica, não espelha em nada o que se passou dentro das quatro linhas. Acabámos por entrar bem no jogo, tivemos as melhores oportunidades e o Gil chega à vantagem no único remate que faz enquadrado com a baliza na primeira parte. Depois, procurámos ser mais ambiciosos, conseguimos aproximações interessantes à área do Gil Vicente e no nosso melhor momento é quando sofremos o 2-0, contra a corrente do jogo. Depois o Gil teve competência a gerir o resultado, tentámos de todas as formas, mas ainda sofremos o terceiro num lance completamente fortuito. Não ponho em causa a vitória, mas sim o resultado volumoso.»

César Peixoto (Gil Vicente)

«Agradecer aos adeptos que vieram, presenteá-los com esta vitória importante. Fomos fantásticos enquanto equipa, sofremos quando tínhamos de sofrer, jogámos quando tínhamos de jogar, fomos eficazes, algo que nos faltou noutros jogos. Foi um grande jogo da nossa equipa, com alma, caráter, atitude, com vontade de vencer enorme, esta equipa está a crescer a olhos vistos, pena o campeonato estar a acabar, mas são só três pontos, ainda não conseguimos materializar o que é o nosso objetivo. Foi um jogo de uma equipa como deve ser, onde houve grande entreajuda perante uma boa equipa, organizada que cria semore muitos problemas a quem vem aqui jogar, mas vencemos bem.»

As notas do Nacional: 
Lucas França (5), Gustavo Garcia (5), Ulisses (5), Zé Vítor (4), José Gomes (5), Daniel Penha (5), Djibril (6), Fuki Yamada (6), Luís Esteves (6), Paulinho Bóia (6), Joel Tagueu (5), Appiah (3), Rúben Macedo (4), Labidi (-) e Isaac (-).

As notas do Gil Vicente:
Andrew (7), Zé Carlos (5), Rúben Fernandes (5), Buatu (5), Jonathan Mutombo (5), Facundo Cáseres (5), Mohamed Bamba (5), Tidjany Touré (6), Kanya Fujimoto (5), Félix Correia (7), Jorge Aguirre (6), João Marques (5), Pablo (4), Marvin Elimbi (5), Santi Garcia (5) e Mboula (-).

Veja os melhores momentos do jogo: