Roberto Di Matteo tem 54 anos e será, para sempre, lembrado como o treinador que levou o Chelsea à sua primeira Champions League, em 2011/12. Afastado do cargos de técnico principal desde 2016/17, falou em exclusivo com o Bola na Rede sobre a experiência no Chelsea, a relação próxima com André Villas-Boas e os portugueses que se encontraram pelo seu caminho na equipa da Premier League.

«Os portugueses Eram jogadores muito profissionais, por isso era muito fácil trabalhar com eles».

Bola na Rede: Roberto Di Matteo, obrigado pelo tempo. Vencer a Champions League é, ainda hoje, a maior conquista da sua carreira?

Roberto Di Matteo: Provavelmente sim, como treinador. É o objetivo máximo para qualquer treinador ganhar um grande troféu. Já foi há muito tempo. Não penso no passado, tento focar-me no futuro e no que este trouxer para mim. Obviamente que às vezes me recordo e as pessoas vêm falar comigo sobre isso o que é muito agradável. Mas é o passado.

Bola na Rede: E quais são as expectativas para o futuro?

Roberto Di Matteo: Estou muito feliz. Ainda estou envolvido no futebol, mas agora faço outras coisas. Não estou a treinar neste momento, mas estou sempre à procura de continuar envolvido no futebol. É o meu amor, a minha paixão. Estar neste ambiente é muito bom, posso falar com muitas pessoas de sítios diferentes dentro do mundo do futebol e fazer novas conexões. É muito interessante».

Bola na Rede: Neste momento, tem alguma ambição em regressar ao futebol?

Roberto Di Matteo: Não, neste momento não estou à procura de um novo cargo como treinador. Estou envolvido em coisas diferentes no futebol o que é muito entusiasmante e um grande desafio para mim. Estou sempre à procura de melhorar e de desenvolver o meu conhecimento pessoal. Estou com a minha equipa do diploma FIFA e é um novo capítulo. O meu objetivo é continuar isto.

Bola na Rede: Regressando à sua carreira e colocando o foco nos jogadores portugueses que já treinou, sente que há traços em comum que todos possuem?

Roberto Di Matteo: Sinto que é muito individualizado. Há diferentes personalidades. Fui um sortudo por ter trabalhado com o Paulo Ferreira, um jogador maravilhoso e um grande homem. Com o Raúl Meireles também. Tinha muito boas relações com eles. Acho que o facto de ser italiano e eles serem portugueses ajuda um pouco. Crescemos de forma semelhante, em certo sentido. Temos uma cultura mediterrânea muito própria, as nossas famílias… Havia uma conexão muito profunda. Eram jogadores muito bons, com bons indicadores. Eram fortes taticamente, muito astutos e com forte ética profissional. Eram jogadores muito profissionais, por isso era muito fácil trabalhar com eles.

Bola na Rede: Era mais fácil trabalhar com eles por causa da proximidade das culturas?

Roberto Di Matteo: Estamos a falar de jogadores de topo com uma grande atitude e muito profissionais. E esqueci-me do Hilário, o guarda-redes.

Bola na Rede: E do Bosingwa.

Roberto Di Matteo: O José, José Bosingwa. Peço desculpa se me esqueci de mais alguém, mas já foi há muito tempo. É mais fácil de trabalhar com jogadores de topo. Eles têm uma motivação própria, por isso só é preciso dar o apoio certo para eles serem capazes de chegar ao melhor das suas habilidades e jogar ao melhor possível.

Bola na Rede: Trabalhou com André Villas-Boas, no Chelsea…

Roberto Di Matteo: O novo presidente [do FC Porto].

Bola na Rede: Como foi trabalhar com ele no dia-a-dia?

Roberto Di Matteo: Foi muito bom. Aprendi muito com ele, tínhamos uma grande relação. Foi um período muito bom da minha vida por ter trabalhado com ele. É uma pessoa muito inteligente, muito divertida e estou muito feliz por ele ser o presidente do FC Porto. Acho que vai servir o FC Porto como clube, os seus adeptos e os jogadores muito bem porque ele é uma pessoa do futebol. Conhece muito bem o futebol.

Bola na Rede: Se os vossos caminhos se cruzassem novamente e recebesse um convite de André Villas-Boas, aceitaria?

Roberto Di Matteo: Como treinador? Não estou à procura de voltar aos treinos, neste momento. Dependeria de que tipo de posição seria. Estou muito contente pelo André Villas-Boas.

Bola na Rede: E pretende deixar-lhe uma mensagem, agora com este novo desafio?

Roberto Di Matteo: André! André, tenho saudades tuas. Tenho boas memórias do nosso tempo em conjunto e desejo-te todo o sucesso no FC Porto e que possas trazer de volta a glória ao clube, como fizeste enquanto treinador.

Bola na Rede: Vai apoiar o FC Porto nesta temporada?

Roberto Di Matteo: Tenho de me manter neutro [risos]. Eu sou adepto do André.