O árbitro João Guerra coloca Portugal, quase 10 anos depois, num grande evento internacional, com o ex-judoca a ser um dos 15 escolhidos para arbitrar nos Europeus que decorrem em Podgorica.

"Há quase 10 anos que não tínhamos um português presente neste escalão, e portanto, isso também mostra o trabalho que tem vindo a ser feito internamente em Portugal, a Federação Portuguesa de Judo tem apoiado bastante a arbitragem", referiu à agência Lusa o árbitro.

João Guerra, de 38 anos, tem feito várias competições em escalões inferiores e a entrada nos Europeus de Podgorica, a decorrerem até sábado, acontece mediante um rigoroso critério de seleção, com os mais bem classificados a 'subirem'.

"Vamos tendo diversas competições, quer de cadetes, juniores, seniores, sub-23, veteranos, nas quais temos uma classificação no final da competição e vai sendo organizado um ranking, a partir do qual é feita a seleção para os campeonatos da Europa. É um mundo tão competitivo como o dos atletas", acrescentou.

A presença em Podgorica deste árbitro, natural de Castelo Branco e que ainda praticou judo em jovem -- chegando a treinar com a antiga judoca e ex-selecionadora Ana Hormigo -, é assumida como "a cereja no topo do bolo".

"Somos mais de 300 árbitros europeus, mas só 15 conseguem a seleção para esta competição e, portanto, certamente é uma honra estar aqui presente e todos querem dar o seu melhor para triunfar, para conseguir dar o passo seguinte para o 'World Tour'", defendeu.

A chegada de João Guerra a esta elite segue-se à de Nuno Carvalho, que atualmente integra a comissão de arbitragem da UEJ.

"É uma referência para a arbitragem portuguesa e mundial", elogiou João Guerra, que, a par do desporto -- do qual ainda diz não ser possível viver financeiramente -, é professor de geografia.

Os Europeus de Podgorica são os primeiros a aplicar as novas regras de arbitragem, o que para João Guerra veio trazer maior dinamismo e espetacularidade nos combates.

Entre as mudanças está a reintrodução do yuko, e quando existiam 'waza aris' muito diferentes e que eram injustos para os judocas quando um tinha conseguido algo mais forte do que o outro, ou a possibilidade de se fazer a pega abaixo da 'saia'.

"Estávamos a ter situações de dois atletas, em que cada um tinha um waza-ari, mas eram por situações muito diferentes, onde claramente um merecia estar acima do marcador e não estarem a pé de igualdade", o que levou, nos últimos tempos, a exagerados 'golden score', por não existir 'pontuação' para espelhar ligeiras diferenças.

Os Europeus de judo em Podgorica decorrem até sábado, com Portugal a ter ainda em cena Taís Pina e Bárbara Timo, em -70 kg, João Fernando, em -81 kg, e os medalhados olímpicos Patrícia Sampaio, em -78 kg, e Jorge Fonseca, em -100 kg.