Wenderson Galeno. Este é o nome do momento do FC Porto. E é do momento, como também pode ser (de forma totalmente justa, diga-se) considerado um dos nomes do passado recente dos dragões. Porque o camisola 13 tem acumulado registos estratosféricos desde que assentou, de vez, arraiais no emblema azul e branco.

Porque Galeno é por demais conhecido dos adeptos portistas. Chegou ao clube na época 2016/2017, proveniente do Grémio Anápolis, tendo começado pela equipa B do FC Porto, onde esteve uma temporada e meia e em grande evidência: 58 jogos, 18 golos e 16 assistências. Ainda chegou à equipa principal (4 jogos e um golo), mas acabou por ser cedido ao Portimonense. Por empréstimo passou, também, pelo Rio Ave, rumando depois ao SC Braga. Completou o seu processo de maturação ao serviço dos arsenalistas e demonstrou ter todas as condições para se impor no FC Porto, clube ao qual regressou a meio da época 2021/2022. Daí para cá… são os números a falar: 124 jogos, 38 golos e 18 assistências. E só nesta época já são seis tentos apontados em seis partidas realizadas. Galeno só não faturou diante do Sporting (0-2), na 4.ª jornada da Liga. De resto… molhou sempre a sopa.

E para termos uma noção mais exata desta evolução de Galeno, A BOLA esteve à conversa com Fábio Martins. O atual extremo do Al Khaleej (Arábia Saudita) é um profundo conhecer da exigência do Dragão, ou não tivesse ele realizado todo seu processo de formação no FC Porto. Além disso, o antigo internacional pelas camadas jovens de Portugal foi colega de equipa de Galeno no SC Braga, pelo que está totalmente avalizado para falar do craque portista.

«A ideia que toda a gente já tinha do Galeno naquela altura era a de que ele era um jogador com umas qualidades físicas muito boas, muito rápido, explosivo e extremamente vertical. Talvez lhe faltasse um pouco desse requinte no último passe e no remate. Era algo que ele teria de trabalhar se quisesse chegar a outro nível e agora vejo-o como um jogador muito mais capaz nesse aspeto, ou seja, continua com essas valências que já aflorei, é um jogador muito perigoso e que causa imensas dificuldades às defesas adversárias, e já alia a isso a capacidade de chegar ao último terço e tomar a decisão mais acertada, seja no passe ou no remate. Claro que ainda tem momentos em que terá de melhorar nesse aspeto, como todos os jogadores têm sempre algo a melhor, mas acho já melhorou bastante e por isso tem melhores números, tanto nos golos como nas assistências», assume.

Durante o tempo em que conviveram na cidade dos arcebispos, Fábio Martins e Galeno tiveram a relação normal entre dois companheiros de equipa, mas já nessa altura o português via no brasileiro um caso de sucesso. O que veio a comprovar-se, motivo pelo qual Fábio Martins não esconde o seu orgulho pelo antigo colega: «É um jogador de eleição no FC Porto e fico feliz por ter chegado a esse patamar. Sempre tive uma boa relação com ele. Não éramos os melhores amigos, mas ele é uma pessoa que é de fácil trato no balneário, é alegre e divertido. Era uma pessoa bastante tranquila.»

A pressão dos penáltis

O caudal ofensivo das equipas grandes leva a que haja inúmeras aproximações às balizas contrárias e, como tal, há muitos momentos em que os duelos individuais são uma realidade dentro da grande área da equipa que defende. Esse facto tem-se verificado nos jogos do FC Porto e, por essa razão, Galeno já leva três golos na sequência de pontapés da marca da grande penalidade.

Fábio Martins tem uma explicação para esse dado, mas também ressalva que para o sucesso na hora da concretização é preciso muito mais do que, por vezes, se pensa.

«Claro que no caso dos golos também tem a seu favor o facto de ser o marcador de penáltis do FC Porto, mas para o ser e para os concretizar também teve e tem de trabalhar muito. Quando se é marcador de penáltis de uma equipa grande, como o FC Porto, o Sporting ou o Benfica, é sempre bom, porque muitas vezes desbloqueia jogos que até podem nem estar a correr tão bem à equipa. E fazendo o golo também dá confiança ao quem o marcou, permite ter mais moral para conseguir um melhor desempenho. E para se ser o marcador de penáltis do FC Porto, além dessa qualidade, é necessário também ser-se um jogador que aguente a pressão. E o Galeno evoluiu muito também nesse aspeto», justifica.

Seleção do Brasil e até a… lateral

O dia 26 de março de 2024 jamais saíra da memória de Galeno. Nessa data, o extremo portista estreou-se com a camisola da seleção do Brasil, tendo sido suplente utilizado num encontro particular frente à Espanha e que terminou empatado (3-3). Apesar de ter jogado pouco tempo, o portista ainda foi a tempo de ser decisivo, ao sofrer o penálti que permitiria a Lucas Paquetá, selar o resultado final, já em período de compensação.

Fábio Martins volta a falar das qualidades de Galeno e perspetiva-lhe mais internacionalizações. E até pensando numa eventual adaptação que já nem é nova para o extremo: «É um jogador muito difícil de defender, por todas as qualidades que tem, mas também é extremamente polivalente. Pode fazer a ala toda, pode jogar só a extremo, e tudo isso também o ajudou na chamada à seleção do Brasil, que também passa por alguns problemas na lateral esquerda.»