Ainda que faltem entre três a seis meses para as eleições para o Comité Olímpico de Portugal, que terão de se efetuar no primeiro trimestre de 2025, nas quais será escolhido o presidente que conduzirá o organismo na olimpíada de Los Angeles 2028, as movimentações de possíveis candidatos, ou grupos que os desejem, há muito que se tem vindo a verificar, mas, nas últimas semanas, uma há que se intensificou: a dos que desejam que Fernando Gomes, presidente da federação de futebol e vice da UEFA, avance para o COP.

Impossibilitado de se recandidatar à FPF por ter atingido limite de três mandatos — chegou a correr o rumor que o anterior Governo poderia alterar lei para que se mantivesse até ao Mundial -2030, a disputar-se em Espanha, Portugal e Marrocos —, Fernando Gomes, de 72 anos, é pretendido por algumas figuras num movimento que adquiriu maior energia durante os Jogos de Paris-2024.

Gomes já foi abordado e depois de ter mostrado surpresa, conta-se, não terá afastado a hipótese e ficado a pensar nela, o que leva a que esteja próximo, para os próximos dias, um encontro no qual deverá sentir um apoio mais alargado, incluindo o de um conjunto de federações olímpicas dispostas em apoiá-lo.

No entanto, devido ao início de um novo ciclo olímpico, nos próximos três meses irão acontecer várias alterações na liderança das 33 federações olímpicas, com direito a 4 votos cada nas eleições para o COP, e nas 34 não olímpicas (1 voto) e organizações, como as que representam atuais ou antigos atletas olímpicos. Também em período eleitoral, o atual panorama federativo do país pode alterar-se. Até porque em várias, como são os casos do atletismo, ciclismo, natação, canoagem, ténis ou ténis de mesa, os respetivos presidentes atingiram igualmente o limite de três mandatos e existem mais do que um candidato à sucessão.

Mas o movimento pró-Fernando Gomes não é o único. Outro que tem vindo a realizar sondagens de terreno junto de alguns setores desportivos e figuras é aquele que gostaria de sentar na cadeira de presidente do COP o antigo secretário de Estado da juventude e desporto Laurentino Dias. Este junta-se a outros nomes que vão sendo referido há mais tempo, caso do antigo secretário de Estado do desporto e juventude Alexandre Mestre e do atual secretário geral do COP José Manuel Araújo. Este já há algum tempo desejado por alguns, pois vem de dentro do COP.

Quem desde logo afastou a possibilidade de entrar na corrida foi o atual presidente do Comité Artur Lopes, de 77 anos, eleito na passada quinta-feira por unanimidade de 26 federações olímpicas e 22 organizações, para ocupar o cargo que ficara vago, a 11 de agosto, com o falecimento de José Manuel Constantino, depois de ter conduzido o COP ao longo de três mandatos, desde 2013. Lopes, ex-presidente da federação de ciclismo, era vice do Comité há 24 anos.

No meio de tudo isto alguma estranheza. O de não ocorrerem com mais intensidade as movimentações de atuais e ex-presidentes de federações desportivas olímpicas que nos últimos anos vinham a constituir o lote de pré-candidatos ao COP. Provavelmente porque sabem que face às eleições que irão acontecer nas federações ainda é demasiado cedo para contarem verdadeiramente espingardas e darem o peito às balas. Afinal o universo federativo pode ser bem diferente daqui a três/quatro meses e há que não gastar munições.

Mas a admiração é ainda maior quando se sabe que nos dois últimos ciclos olímpicos existiu uma plataforma de federações, de peso, que discutiu vários assuntos e procurou ter uma política concertada para defender as suas ideias e concretizá-las. Uma delas era o desejo que o sucessor de José Manuel Costantino saísse de uma dessas federações, mas nunca terão imaginado que pudesse vir da de futebol, modalidade habitualmente mais afastada do dia a dia do movimento olímpico em Portugal, mas de onde já saiu o novo secretário de Estado do desporto, Pedro Dias, ex-vogal da direção e responsável pelo futsal, futebol de praia e investigação/desenvolvimento da FPF.