"Antes de mais, queria dizer aos benfiquistas que falhei redondamente na contratação dos últimos dois treinadores, o Pulpis e o Mário Rui [Silva]": as palavras são de Fernando Tavares, vice-presidente das águias, que, em entrevista à BTV e que hoje o jornal do clube avança na íntegra, justifica o que sucedeu no futsal dos encarnados.

"Não tem nada que ver com a capacidade dos treinadores, são treinadores muito competentes. Às vezes não é só o treinador que conta para o sucesso de uma equipa, mas o que é facto é que é uma responsabilidade minha, um falhanço do Fernando Tavares. Não há dúvidas sobre isso. Não quero voltar a viver o que vivi em Braga com a eliminação da equipa de futsal na meia-final do playoff. Talvez tenha sido, em toda a minha vida dentro do Benfica, o pior momento que vivi. No pós-jogo vi uma equipa completamente fragmentada, cada jogador para seu lado, cada elemento do staff para seu lado, cada treinador para seu lado. Isso não quero voltar a ver no Benfica. É uma coisa proibitiva no Benfica. É estranho dizer isto, mas esse momento criou a oportunidade para fazer uma reflexão profunda sobre o que tínhamos de fazer, e o que tínhamos de fazer era uma volta de 180 graus, porque não se tratava da qualidade do plantel. Tivemos agora, há um par de dias, o Arthur, campeão do mundo. Tivemos cinco jogadores portugueses na Seleção Nacional no Campeonato do Mundo. Há muitos anos que não colocávamos cinco jogadores na Seleção num Campeonato do Mundo. Nós temos uma das melhores equipas do mundo, portanto, não é pela qualidade do plantel que não conseguimos resultados. Para mim, era um problema de processo, quiçá um problema de liderança, um problema de estrutura e havia que fazer algo", afirmou.

Já sobre a chegada do novo treinador, Cassiano Klein, Fernando Tavares assume que era um nome há muito desejado para a Luz. "Já estava referenciado, mas havia um problema com a qualificação do treinador, porque a UEFA, a FPF e o IPDJ não reconhecem os níveis dos treinadores de futsal no Brasil. Durante dois meses, trabalhei com o Cassiano para ir resolvendo e tirando todos os obstáculos da frente. Durante dois meses, troquei 2000 mensagens com o Cassiano. Falávamos 2/3 horas por dia. Criámos uma empatia extraordinária. Sem ele estar cá fisicamente, senti nesse processo que era o treinador certo para o Benfica. Não tenho dúvidas nenhumas, neste momento, sobre isso. (...) Foi um processo longo, que envolveu a Confederação Brasileira de Futsal, a Confederação Brasileira de Futebol, a CONMEBOL, que é a UEFA sul-americana, a Federação Portuguesa de Futebol, o IPDJ e a UEFA. Fizemos tudo 'by the book'. Por isso, também tardámos na comunicação do treinador. Felizmente, o treinador tem a sua cédula de nível III passada pelo IPDJ para poder treinar a equipa do Benfica. A entrada do Cassiano vai aumentar a responsabilidade dos atletas, porque o que se vai passar no nosso futsal vai ser algo ascendente e sempre progressivo, sempre a melhorar. Tenho poucas dúvidas sobre isso, mas os atletas vão ter de ter capacidade para se adaptar a um nível de exigência completamente diferente, quer do ponto de vista tático e técnico, quer do ponto de vista físico. Todos os sinais que estou a ter da parte dos jogadores são extremamente positivos em relação ao tipo de trabalho que tem sido desenvolvido. Mesmo os jogadores que recentemente chegaram do Campeonato do Mundo. Estamos no processo, o Cassiano, para mim e para o Benfica, é o treinador certo, vai trazer mais competitividade, mais agressividade, mais resultados e melhoria da qualidade do nosso futsal."