O Museu Benfica - Cosme Damião e o Estádio da Luz receberam nesta quinta-feira uma visita especial. Jacqueline Stewart, filha de Jimmy Hagan, técnico que deixou marca nas quatro épocas incompletas em que orientou a equipa dos encarnados conquistando 3 campeonatos, 1 Taça de Portugal e 2 Taças de Honra. "Ele era o meu herói. Era muito divertido e rigoroso. Gostava muito de fazer festas para os amigos e jogos divertidos. O Eusébio foi a uma dessas festas em minha casa, o meu pai estava muito divertido e não tinha bebido. Ele nunca bebia alcóol, mas parecia a pessoa mais bêbeda da festa pois era mesmo muito divertido", recordou à BTV.

Alternando o inglês com o português, Jacqueline Stewart começou a visita pelo Departamento de Reserva, Conservação e Restauro, onde pôde acompanhar o meticuloso trabalho de preservação da memória do clube, ficando impressionada com uma maqueta do antigo Estádio da Luz construída por um adepto, objeto que lhe trouxe à memória o palco de diversas tardes e noites de glória, mas também o frio do cimento das bancadas do recinto inaugurado há praticamente 70 anos (1 de dezembro de 1954).

Em exposição estava, também, um álbum fotográfico de uma digressão aos Açores de uma equipa de reservas comandada pelo seu pai. Apontando para as imagens de dezenas de crianças a pedirem a atenção de José Torres, escolhido como capitão daquele grupo, Jackie, como é carinhosamente tratada no seio familiar, destacou as multidões que se habituou a ver em todo o lado onde os atletas do Benfica se apresentam para jogar.

Já após uma paragem nas bancadas do novo Estádio da Luz, seguiu-se a visita ao Museu Benfica – Cosme Damião. Por lá, o tempo foi dividido a admirar o Troféu Ramon Carranza, conquistado em 1971, as três taças relativas ao tricampeonato conquistado por Jimmy Hagan (1970/71, 1971/72 e 1972/73) e a uma fotografia dos Invencíveis, equipa campeã nacional em 1972/73 sem derrotas, que suscitou um curioso comentário. "Nesta fotografia com os jogadores todos o meu pai está a sorrir, o que não era muito normal. É uma das melhores fotografias que já vi dele", admitiu.

A filha do histórico treinador dos encarnados recordou episódios da vida em Lisboa no auge da popularidade do pai. "Quando ele estava no Benfica, passávamos na rua e toda a gente dizia 'míster Hagan, míster Hagan'. Muitas vezes, quando íamos a restaurantes, diziam que a conta não era para pagar, mas ele dizia que não voltava se não pagasse. Para os fãs do Benfica, ele é quase uma lenda, e, ainda hoje, o nome de Jimmy Hagan vale uma bebida grátis", brincou, por entre sorrisos.

Recordando as amizades para a vida do seu progenitor, designadamente com Eusébio e José Torres, Jacqueline Stewart também reconheceu Fernando Santos no quadro de treinadores do Benfica, falando do pupilo do seu pai no Estoril, que atalhou caminho até à conquista do Campeonato da Europa de 2016, ao comando da Seleção Nacional, tendo Jimmy Hagan como a sua "grande inspiração".

Antes do regresso à Austrália, onde reside, a filha do tricampeão nacional elogiou o trabalho feito por todos os departamentos na preservação da memória do clube que viverá, eternamente, no seu coração. Na bagagem, leva duas camisolas do Benfica para os netos de 5 e 2 anos, que já vivem o clube e mantêm vivo o grande legado deixado pelo bisavô Jimmy Hagan.