Num momento em que o futebol feminino português atravessa um dos seus pontos altos, quiçá o pico desde a sua existência, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) apresentou, esta segunda-feira, a obra 'História do Futebol Feminino – A grande aventura portuguesa', da autoria de Mary Caiado.

Os testemunhos, relatos e histórias contadas no livro, levaram ao auditório número 1 da Cidade do Futebol, em Oeiras, uma vasta audiência, curiosa para conhecer uma obra que partilha memórias marcantes desde os primórdios da modalidade em Portugal.

"A primeira obra de sempre dedicada à trajetória do futebol jogado por mulheres no nosso País, marcando um novo capítulo na literatura desportiva nacional. Fruto de uma extensa e meticulosa investigação, percorre décadas e cruza dois séculos, acompanhando a evolução do jogo e as profundas transformações políticas, sociais e culturais do País", pode ler-se neste novo título da coleção Livros FPF.

Numa obra que exalta o crescimento da modalidade no nosso país sublinhando pontos inolvidáveis desse percurso até ao momento... duma história que promete ainda ter muito por contar, com a esperança de todos os testemunhos que se ouviram durante a apresentação de que o melhor está para vir.

"Dos primórdios do futebol feminino em território nacional, num tempo em que a simples ideia de uma mulher jogar era alvo de escárnio; da formação das primeiras equipas no Boavista e no União de Coimbra; da primeira competição nacional, ainda organizada por clubes; da primeira seleção feminina não oficial; da chegada da Taça de Portugal ao Jamor, até ao estatuto de destaque de projeção internacional conquistado pelas equipas da Federação Portuguesa de Futebol e pelos principais clubes, revela-se um percurso de resiliência, luta e superação. Com especial destaque às protagonistas que moldaram esta história, este livro reúne testemunhos vivos e detalhados sobre o papel das mulheres que lutaram para desafiar estereótipos e reivindicar o seu lugar no desporto", menciona a nota de abertura da obra.

Num evento que contou com as presenças de altas esferas do futebol nacional, tais como: o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, e a Seleção Nacional Feminina A, a apresentação foi moderada por Miguel Pereira, num painél composto pela diretora da FPF Mónica Jorge, a antiga internacional Maria João Xavier e a jornalista Mary Caiado, autora do livro.

Mónica Jorge começou o seu discurso sublinhando a importância deste título, sendo a "primeira obra do país sobre o futebol feminino".

"A Federação quis fazê-lo e bem, considero ainda um primeiro capítulo, esperamos que haja mais e que venham mais. Esperamos nós com mais feitos. Era muito importante para nós este livro. Terão sempre que usar este como referência. Há muita gente importante neste caminho, nunca podemos esquecer o nosso passado, de onde viemos. Continuamos a querer mais, mais desenvolvimento, mais jogadoras inscritas, mais clubes, há muito ainda por fazer. Há muitos sonhos, muitos objetivos, para as próximas gerações e que tem por base este primeiro capítulo escrito pela Mary", salientou.

Já Maria João Xavier, a antiga centro-campista que vestiu a camisola das quinas em 76 ocasiões, destacou o valor desta obra. "Uma história que estava por contar, que fazia falta para que possa perdurar no tempo", começou por dizer, sem esquecer: "Grandes evoluções a surgirem nos mandatos do Dr. Fernando Gomes, com muitas conquistas, pelo trabalho das suas equipas e de Mónica Jorge que é o rosto desta mudança e evolução".

Por seu turno, Mary Caiado, autora do livro, referiu emocionada a forma como aceitou o convite da FPF, sentindo-se "muito honrada por ter cumprido esta missão, agradecer a todos os protagonistas, mais velhos, mais novos que me ajudaram a contar esta história".

"Pelo que a FPF fez nos últimos anos para que meninas e mulheres tenham todas as condições para fazer aquilo que gostam. Eu escrevi sobre história, mas a história estava a acontecer. O livro fala do início, mas houve factos importantes recentemente que não podia deixar de ser escrito", acrescentou.

Após a apresentação, Kika Nazareth, jogadora internacional portuguesa que representa as espanholas do Barcelona e foi um dos destaques no livro, falou aos jornalistas. "Agradecer à Mary. Acabo por ser o final desta história gira até ao momento mas, há muita história por trás com muitas pessoas. Se vivemos com mais facilidade [fala sobre as jogadoras portuguesas], deve-se muito a estas antigas jogadoras", afirmou, adiantando ainda: "Se escrevesse um livro, o primeiro nome seria o da Adelaide [foi quem a descobriu para o futebol há 10 anos atrás]. Se estou hoje em dia onde estou enquanto jogadora, é muito por causa da Adelaide".