No segundo dia sem futebol na Alemanha, depois da fase de grupos do Campeonato da Europa, o corpo pede por mais. A experiência «in loco» de um grande torneio é um vício difícil de domar e, por isso, quando a bola não rola, há que encontrar alternativas.

Ainda estacionado em Dortmund, antes da viagem para Frankfurt, sabia que não podia partir sem provar evidências e educar – ainda mais – a mente.

O Museu do Futebol alemão ergue-se aqui, na cidade do Borussia Dortmund, e é uma espécie de «Meca» para devoradores de lembranças. Para mim, confesso enamorado pelo futebol germânico, foi como entrar no país das maravilhas.

Está lá tudo. Os prémios de ouro de 1954, 1974 e 2014 e os europeus de 1972, 1980 e 1996. Límpidos como uma noite quente de verão, repousam na câmara dos tesouros.

É extasiante. Uma câmara repleta de segredos conhecidos, um passeio da fama que nos faz sentir pequenos. Sepp Herberger, Fritz Walter, Lothar Matthäus, Franz Beckenbauer. Asseguro-vos que senti a aura do «Kaiser» a cada virar de esquina, sereno, mas intimidante na sua grandeza.

E porque a memória se quer viva, uma demonstração em três dimensões acabou por me levar à emoção. No mesmo palco, Thomas Müller conversa com Sepp Herberger sobre o título de 1954. Impossível, dizem vocês. Eu vi.

Espreitei a noite mágica de Roma, em 90, e senti a tristeza de Maradona; relembrei o duelo de irmãos no Mundial de 1974 e, porque viver a história acresce cor à memória, recordei o golo de Götze no colossal Maracanã.

Saí de lá com uma certeza redobrada. O futebol mora aqui, no centro da Europa, a casa de uma seleção que é grande e grande permanecerá. Quando amanhã a bola voltar a rolar, saberei mais sobre o caminho que nos trouxe até aqui.