Rúben Amorim abandonou o comando técnico do Sporting para abraçar um novo desafio na sua carreira. Quatro anos e meio depois de ter chegado a Alvalade, o treinador de 39 anos deixa um clube bastante diferente daquele que encontrou.
5 de março de 2020. Em Portugal pairava o fantasma de um vírus desconhecido que iria confinar o país duas semanas depois. Mas antes do caos causado pelo covid-19, os 'leões' tomaram uma decisão que mudara a sua história: contratar o 'novato' Amorim para orientar a equipa principal.
Apesar das desconfianças iniciais dos adeptos leoninos devido aos 10 milhões euros pagos ao Sporting de Braga por um "pseudo-treinador" que tinha feito grande parte da sua carreira de futebolista no rival Benfica, a verdade é que na hora da despedida, Rúben Amorim “devolveu com juros” o investimento feito por Frederico Varandas.
Em quatro temporadas completas e duas incompletas em Alvalade, Amorim conquistou dois campeonatos nacionais (2020/21 e 2023/24), duas Taças da Liga (2020/21 e 2021/22) e uma Supertaça Cândido de Oliveira (2021), reerguendo assim um clube talhado para a instabilidade.
O menino benfiquista que se tornou jogador
O clube da Luz, do qual era adepto desde miúdo, acomodou as suas primeiras etapas no futebol - entre uma aventura efémera no hóquei em patins -, seguindo-se CAC Pontinha, Ginásio de Corroios e Belenenses, através do qual se estreou como sénior, em 2003/04.
Duas épocas de afirmação sob alçada de Jorge Jesus motivaram o Benfica a investir um milhão na contratação de Rúben Amorim, em 2008/09, passo tomado pelo atual técnico dos sauditas do Al Hilal no exercício seguinte, com essa dupla a cooperar na conquista de 10 troféus, incluindo três campeonatos (2009/10, 2013/14 e 2014/15), além da final da Liga Europa perdida no desempate por penáltis frente aos espanhóis do Sevilha, em 2013/14.
Brincalhão fora de campo, mas sem descurar fortes convicções nos treinos e jogos, o ex-médio chegou a ter desavenças com Jorge Jesus e foi emprestado ao Sporting de Braga, celebrando uma das seis Taças da Liga do seu currículo como jogador (2012/13), no qual constam 14 jogos pela seleção nacional, que representou nos Mundiais de 2010 e 2014.
O regresso ao Benfica acentuou um histórico de lesões e cirurgias nos joelhos e baixou a sua influência nos relvados, originando uma cedência ao Al Wakrah (2015/16), do Qatar, antes de longos meses de inatividade e do final da carreira em 2017, então com 32 anos.
O nascimento de um treinador
Depois de 18 tentos em 337 partidas, começou a formar-se como técnico e lançou-se em 2018/19 pelo Casa Pia, do qual se demitiu ao fim de meio ano, após ter sido punido pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol por ter dado indicações em partidas como estagiário - decisão anulada mais tarde pelo Tribunal Arbitral do Desporto.
Os “gansos” subiram à Segunda Liga e até conquistaram o Campeonato de Portugal, patamar ao qual Rúben Amorim regressaria em setembro de 2019 para liderar o Sporting de Braga B até dezembro, altura em que, já com o segundo nível, rendeu Ricardo Sá Pinto na equipa principal e teve uma estreia vigorosa na Primeira Liga, pontuada pela conquista da Taça da Liga.
Correu bem, Rúben
Em março de 2020, quando, perante a desconfiança de adeptos e imprensa, Amorim reagiu logo em pleno dia da sua apresentação com uma tirada desarmante e auspiciosa, que “virou” gíria em Alvalade: "As pessoas perguntam: 'E se corre mal?'. Eu pergunto: 'E se corre bem?'".
Quatro anos depois, o treinador deixa o clube 'verde e branco' com mais dois campeonatos nacionais, duas Taças da Liga e uma Supertaça Cândido de Oliveira no seu palmarés, mas também com uma estabilidade que há muito não se via.
"Goodbye Amorim"
Rúben Filipe Marques Diogo Amorim, nascido em 27 de janeiro de 1985, em Lisboa, ruma agora a Manchester para revolucionar um gigante adormecido, que não conquista a Premier League há mais de uma década e que vive uma onda de maus resultados. Onde é que já vimos este filme antes?