
No sol de inverno algarvio, luta pelo pódio e pela permanência, SC Braga a querer pressionar o FC Porto pelo 3.º lugar, Farense aflito na zona baixa da tabela. Foram no entanto os algarvios a andar em zona mais alta do terreno durante mais tempo no jogo; foram no entanto os minhotos, mesmo mais tempo sob pressão, que por uma vez fizeram saltar a tampa ao aflito. E assim foram para o balneário à espera de escorregadela portista, enquanto os de Faro foram fazer contas na máquina de calcular da Liga...
Começou por ser um jogo de regressos: no Farense Ângelo Neto, dois meses depois de se ter lesionado no encontro com o Benfica – 1-3 a 14 de janeiro –; no SC Braga Zalazar – não jogava desde 23 de janeiro, no 1-2 com o St. Gilloise na Liga Europa. Mas para os minhotos também de ausência forçada, com Gharbi a ficar de fora devido a lesão muscular em treino.
Tozé Marreco mandou a equipa para a frente. Os algarvios não apareceram em campo no habitual 3x4x3, antes com uma linha de quatro atrás com Cláudio Falcão a surgir nas funções de central ao lado de Marco Moreno. Neto a pautar no meio-campo, com Zé Carlos, e aos 5’ já o Farense tinham aparecido na área bracarense por um par de vezes com perigo, muito graças às recuperações dos médios e com a equipa lançada para o ataque.
Carvalhal, que apostara em Fran Navarro na frente em vez de El Ouazzani, foi obrigado a voltar à fórmula antiga quando aos 27’ teve de tirar o espanhol, que se lesionou, e meter o marroquino, numa altura em que já tinha manifestado a insatisfação pela forma como a equipa estava em campo: muito recuada, sem ideias na saída, acusando a pressão algarvia que se estendia até zona alta do terreno. E na verdade… o treinador bracarense tinha razões para isso, não apenas para estar preocupado como insatisfeito. Porque o Farense dominava.
Por um lado, os algarvios faziam a tal pressão. Por outro procuravam a transição rápida, com um dos mais adiantados – a dinâmica entre Tomané e Rui Costa estava afinada – a recuar no apoio e o outro, ou um dos extremos, a procurar a profundidade. Aos 34’ Rony Lopes também já tinha, por duas vezes, obrigado Hornicek a duas excelentes defesas a dois remates acrobáticos – o primeiro desses logo aos 2’.
Para se ter uma ideia do domínio algarvio, a estatística ao intervalo: 9 remates contra 3; 10 cantos contra 2. Valeu aos bracarenses o guarda-redes e a coesão defensiva que apesar de tudo ia evitando ocasiões mais flagrantes aos algarvios.
A única jogada de perigo dos minhotos na primeira parte foi aos 36’, quando Gabri Martínez avançou pela direita, entrou na área, cruzou atrasado e El Ouazzani viu o golo bloqueado por Pastor. Por isso a preocupação de Carvalhal era tanta que mexeu logo na viragem: Gorby por Racic.
E começou por resultar a mudança: os guerreiros estiveram nos primeiros 5’ da segunda parte mais tempo perto ou na área algarvia do que em todos os primeiros 45’. Mas como o sol de inverno da tarde no São Luís, aqueceram pouco e seria outra vez Rony Lopes a testar Hornick aos 54’.
Depois dos algarvios reclamaram penálti de Bambu (61’), Carvalhal mudou e a equipa cresceu: Niakaté entrou para o lugar de Bambu e Furtado, em estreia absoluta, para a vez de Zalazar. E quatro minutos depois, seria dos pés do menino de 19 anos que começaria o SC Braga a desenhar o golo que fez saltar a tampa aos algarvios e sentenciou a partida: a bola andou da direta para a esquerda até Gabri Martínez marcar, com toque fundamental de El Ouazzani e de classe de Ricardo Horta a oferecer ao espanhol.
Conseguiu então o SC Braga sacudir a pressão, não conseguiu o Farense reentrar no jogo. Porque Hornicek ainda evitou o empate a Eleve Baldé (73’); porque mesmo com Tozé Marreco a enviar reforços para terreno (Filipe Soares, Miguel Menino e Darío Poveda) a pressão não ressurgiu; porque já sem substituições para fazer, Elves Baldé saiu agarrado à coxa e deixou a equipa com menos um nos últimos 5’. Não houve fôlego final e o SC Braga respirou de alívio.