As equipas da Jaguar e da Nissan na Fórmula E tornaram-se as primeiras a ser penalizadas por violarem as regras do teto orçamental da Fórmula E, marcando um momento significativo na governação financeira do campeonato. Ambas as equipas excederam o teto orçamental durante a temporada de 2023, resultando em multas e penalizações de testes por parte da FIA, mas permanecem questões sobre as implicações mais amplas para o desporto.
A revisão financeira da FIA, que abrange a temporada de 2022-23, constatou que a Nissan ultrapassou o orçamento em 1,96%, totalizando €269,252, enquanto a Jaguar violou o teto em 0,6%, uma infração de €73,849. A Nissan enfrenta uma multa de €300,000, enquanto a Jaguar pagará €100,000. Ambas as equipas também ficarão de fora da primeira metade do dia de testes em Valência no próximo mês como parte da sua punição.
As penalizações surgem após as equipas terem aceitado um ‘Acordo de Violação Aceite’ (ABA), um mecanismo destinado a resolver violações das regras financeiras, semelhante ao caso da Red Bull Racing na Fórmula 1 no ano passado. A FIA observou que ambas as equipas cooperaram plenamente com o processo de revisão e que não houve indícios de má-fé ou intenção fraudulenta.
Porque Aconteceu a Violação
A Nissan atribuiu o seu excesso de gastos à reestruturação organizacional da equipa, uma vez que passaram a gerir o seu programa de Fórmula E internamente, após anteriormente terem trabalhado com a e.dams. Na sua declaração, a Nissan destacou como o processo de adaptação às novas regulamentações financeiras, combinado com mudanças internas, levou a descuidos não intencionais.
A Jaguar, por sua vez, reconheceu que um erro de arquivo levou à sua pequena violação. A equipa esclareceu que, se a documentação tivesse sido submetida corretamente, estaria em conformidade com o limite de despesas.
As Penalizações: Moles ou Rigorosas?
Embora as penalizações financeiras sejam significativas, a proibição de testes durante três horas não deverá prejudicar severamente a preparação de nenhuma das equipas para a nova temporada. Com 20 dias de testes alocados para os fabricantes, ambas as equipas conseguem absorver a perda sem grandes interrupções. No entanto, alguns podem considerar a penalização como rigorosa, dado o contexto desafiador da era Gen3, que viu múltiplos problemas com componentes do carro, como travões e baterias, levando a custos inesperados.
Uma Era Gen3 em Dificuldades e Seu Impacto
A temporada de Fórmula E de 2023, a primeira sob as novas regulamentações Gen3, foi marcada por dificuldades técnicas. As equipas enfrentaram interrupções frequentes, e os problemas de fornecimento de peças aumentaram os custos operacionais. As operações dispersas da Nissan durante esta transição contribuíram para o seu excesso de gastos, enquanto a Jaguar lidou com danos substanciais devido a acidentes, incluindo duas colisões graves envolvendo Sam Bird.
Com estes fatores externos em jogo, alguns argumentam que as penalizações poderiam ter sido mais suaves, dadas as excecionais dificuldades da temporada. Além disso, muitos acreditam que o atraso de quase um ano da FIA em chegar a uma decisão aponta para possíveis falhas no processo de auditoria do limite de despesas.
Implicações Futuras para a Fórmula E
A questão agora é saber se estas penalizações irão dissuadir futuros fabricantes de se juntarem à Fórmula E. Apesar destas primeiras infrações, a Fórmula E continua a ser relativamente económica em comparação com outros campeonatos de automobilismo a nível global. No entanto, à medida que o desporto avança para a era Gen4 em 2026, já estão em curso discussões sobre a possibilidade de ajustar o teto orçamental para atrair mais fabricantes.
Por enquanto, a Nissan e a Jaguar terão de aceitar as consequências das suas pequenas infrações. Ainda assim, a FIA e as equipas da Fórmula E precisarão de refletir sobre como estas primeiras infrações financeiras são tratadas, garantindo que as regulamentações evoluam de forma eficaz para manter a integridade competitiva e financeira do campeonato.