
Após a reprodução do primeiro depoimento, que teve a duração de mais de duas horas e meia, José Santos Bernardes foi depois inquirido pelo juiz e reiterou que «não conhecia» Luís Filipe Vieira e voltou a não se disponibilizar para comentar as transferências de dinheiro do Benfica para a sua empresa, a Dynetic, que na gravação anterior considerou «um valor justo» e, a dada altura, até abaixo do preço que considerava adequado.
«Nunca estive tão próximo de Vieira como estive hoje. Nunca o tinha conhecido», respondeu, ao contrário do que indicou relativamente a Miguel Moreira, por quem confessou nutrir «empatia pessoal», indicando que «ambos sabemos que cada um de nós filhos, mas nunca fomos a casa um do outro».
Relativamente a uma das conversas que manteve com Miguel Moreira, que se centrou numa negociação de valores – já no vínculo contratual entre os encarnados e a empresa Dynetic, depois de ter cessado a anterior ligação entre os encarnados e a Best for Business, empresa da qual era antes proprietário, o valor fixar-se-ia em 1,8 milhões de euros, o que considerou «justo» - e refere-se ao antigo diretor financeiro como «agressivo» na sua negociação.
«Nunca foi fácil negociar um contrato com o Benfica. Normalmente, [Miguel Moreira] tinha sempre este discurso que roçava um bocadinho a agressividade, dizes que és meu amigo e chamava-me outras coisas… nunca foi fácil de levar e nunca foi uma negociação fácil», caracteriza.
Questionado sobre a relação que mantém com Paulo Silva, José Bernardes afirma «não conseguir precisar, mas sabia quem era», caracterizando-se como «amigos e com alguns hobbies em comum» e «uma pessoa que tenho em consideração».
Quanto a José Raposo, o empresário do ramo informático descreve ter-lhe sido «apresentado por Paulo Silva como empresário e homem de negócios», esclarecendo alguns pormenores sobre a relação da sua empresa com o Benfica que, sublinha, ainda hoje se mantém, embora em moldes diferentes.
«Ainda temos pessoas no Benfica em permanência, mas o Benfica tomou a decisão de achar que devia ter essa competência interna - pessoas do IT que como Rui Costa disse esta manhã, dizem fique descansado, nós tratamos disso. O Benfica internalizou o seu sistema informático e destacou uma pessoa para o efeito», explica José Bernardes.