A polícia italiana pode mesmo ter evitado o pior a 19 de abril de 2023, dia reservado para o Inter Milão-Benfica no Giuseppe Meazza. É que o Ministério Público de Milão tem em mãos provas de que os ultras dos nerazzurri preparavam uma emboscada aos benfiquistas. Chaves inglesas, paus de madeira, ferros: 70 italianos, divididos em dois grupos e considerados muito perigosos, tinham tudo pensado. 

"Vínhamos cheios de varas, chaves inglesas, era para os esmagar a todos. Sabes o que se passava no McDonald's com as chaves e os ferros que tínhamos? Com aqueles paus de madeira, íamos matá-los como cães!", ouve-se, numa conversa telefónica entre dois líderes da Curva Nord, que acabaram por ser intercetados pela força policial antes de chegarem à Piazzale Lotto, onde se concentravam os benfiquistas. 

Recorde-se que essa partida entre Inter e Benfica (3-3) ficou marcada por incidentes nas bancadas. Ao minuto 60, instalou-se o pânico, com benfiquistas a arremessarem tochas para cima dos simpatizantes nerazzurri, que se sentavam nos pisos inferiores. Muitos viram-se mesmo obrigados a descer várias filas para se salvaguardarem do perigo.

Relativamente a esta investigação do Ministério Público de Milão já levou à detenção de 19 ultras quer do Inter, quer do Milan, a 30 de setembro. As autoridades continuam a acompanhar os grupos, que, revela ainda a investigação, decidiram criar um outro "grupo de bandidos" dentro dos próprios ultras. E são elementos que têm direito a "treinos" específicos. Desde 2020, e mais propriamente desde que foram confrontados por hooligans do Barcelona, a Curva Nord prossegue a uma estrita seleção: só entra quem corresponde a uma longa lista de requisitos.