As dores não o largavam. A medicação era só um esconderijo para o desconforto. Um dia, Daniel Guimarães entendeu que os seus queixumes não eram iguais aos dos outros jogadores da bola. Percebeu-o num jogo contra o Benfica, na Luz. Entregou o seu corpo à vistoria dos médicos que descobriram o problema oncológico que, aos 37 anos, tirou a vida ao antigo guarda-redes do Nacional.

Daniel Guimarães não partiu sem dar luta. O tumor na zona abdominal foi-lhe detetado em janeiro de 2021, enquanto estava já na quarta época ao serviço da equipa madeirense, uma semana depois de saber que ia ser pai novamente. Regressou aos treinos em dezembro e, em agosto de 2022, tornou-se de novo na principal opção para a baliza dos insulares.

“Em momento algum passou pela minha cabeça morrer. A minha obrigação era viver para cuidar da minha esposa, que abdicou da vida dela por mim, e dos nossos filhos. Pensava só na vitória”, disse numa entrevista à Rádio Renascença. Mas o cancro acabaria por não o abandonar em definitivo.

O problema oncológico voltou a causar-lhe transtornos. Rescindiu com o Nacional e decidiu regressar ao Brasil para novo assalto no combate à doença. Desta vez, não conseguiu vencer.

Daniel Guimarães levou a equipa da Choupana duas vezes até à Primeira Liga (2017/18 e 2019/20), ambas como campeão do escalão secundário. “Deixou o seu nome gravado na história, sendo adorado pelos seus colegas, treinadores e adeptos. Foi adorado por muitos e admirado por todos, mesmo pelos mais diferentes adversários que defrontou”, referiu o clube nas redes sociais. Numa publicação no Facebook, Kaká, um antigo colega de equipa, relembrou-o como o “Eterno Paredão”.

O brasileiro foi o jogador que esteve na baliza do Nacional quando a equipa perdeu por 10-0 no Estádio da Luz, em 2019. Desse onze, também fazia parte Kalindi Souza, defesa que morreu aos 28 anos.