O tenista português Nuno Borges chegou este sábado "confiante" e cauteloso a Melbourne, onde vai liderar a comitiva nacional, composta por Jaime Faria e Francisco Cabral, no Open da Austrália, o primeiro major da temporada que arranca domingo.
O jogador maiato, número 36 do ranking mundial, ficou sexta-feira a um triunfo da final do ATP 250 de Auckland, ao perder frente ao belga Zizou Bergs (66.º ATP), pelos parciais de 2-6, 6-3 e 5-7, mas saiu da Nova Zelândia com uma boa dose de confiança na bagagem, após somar três vitórias até às meias-finais.
"Foi um encontro muito duro, aliás todos os encontros esta semana foram duríssimos. Tive 'set' e 'break' abaixo, recuperei, mas depois no terceiro 'set' estava 'break' abaixo também, virei para servir para ganhar o encontro e não consegui fechar", lembra Borges, em declarações à Lusa.
"De certa forma, desiludido" pela derrota nas meias-finais, que "custou a encaixar", o número um nacional, de 27 anos, diz ter sido "uma muito boa semana" de preparação para o major australiano, que decorre entre 12 e 26 de janeiro em Melbourne Park.
"Faltou-me um bocadinho de mais clareza a servir, podia ter servido um bocadinho melhor e uma ou outra pancada que hesitei um bocadinho. Depois de tanto desgaste, já não consegui estar tão fino como gostaria. Mas saio de Auckland com três muito boas vitórias. Dão-me alguma confiança para o Open da Austrália, o que é importante. Senti que foi uma boa preparação, consegui fazer bastantes jogos, tudo o que poderia pedir", adiantou.
Depois de aterrar hoje em Melbourne, onde se juntou aos outros dois portugueses que vão disputar o primeiro torneio do Grand Slam, Jaime Faria e Francisco Cabral, este na prova de pares, Nuno Borges já fez o primeiro treino em Melbourne Park, sob as orientações de Rui Machado, diretor técnico nacional, e Pedro Sousa, treinador do Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis.
"Está bastante mais calor e os campos também são um pouco mais rápidos. A bola é a mesma, mas as sensações são um bocadinho diferentes. Entre hoje e amanhã, vou tentar ajustar os últimos pormenores do meu jogo e tentar ganhar algum ritmo nestes courts. Mentalmente estou bem, agora vou tentar aproveitar para recuperar ao máximo da última semana dura para estar pronto segunda-feira para mais uma grande batalha em cinco sets", avançou o tenista maiato.
Há um ano, Borges atingiu a quarta ronda do Open da Austrália, só sendo travado pelo russo Daniil Medvedev, então terceiro colocado na hierarquia mundial, mas mostra-se cauteloso para a edição deste ano do torneio, que tem como campeão o italiano Jannik Sinner.
"Só porque correu muito bem no ano passado, não quer dizer que esteja à espera que corra também muito bem este ano. Aliás, é essa mentalidade que tenho vindo a adotar. Sei que um ano depois, no mesmo torneio, não será exatamente o mesmo Nuno, estou com sensações diferentes, o meu corpo também está diferente, o meu ritmo também não é o mesmo e os próprios campos mudam ao longo do tempo. As coisas não são assim tão lineares e a verdade é que há um ano fui construindo essa confiança. É isso que vou à procura", revela, confessando adorar o Open da Austrália e "estar em Melbourne".
Apesar de "ultimamente sentir estar a jogar melhor", o número um nacional garante continuar a ver "muitas coisas a melhorar e a evoluir" no seu jogo.
"Sinto que faz falta melhorar alguns aspetos para jogar frente aos melhores do mundo, para continuar a jogar nestes grandes palcos e com os melhores adversários. Há sempre essa necessidade de encontrar mais soluções no meu jogo", explica.
A estreia de Nuno Borges está agendada para segunda-feira diante do francês Alexandre Muller (56.º ATP), campeão do ATP 250 de Hong Kong na primeira semana da época, em horário e campo ainda a definir.
"Acho que o Muller é um adversário ao meu alcance, mas ele também está a atravessar um bom momento, ganhou em Hong Kong e aproveitou para recuperar na semana de Auckland, portanto sei que ele vai estar a jogar o seu melhor ténis. Pode ser um bom encontro, mas tenho de trazer o meu melhor jogo, porque ele está num dos seus melhores momentos de forma de sempre, senão o melhor. Será, sem dúvida, um grande desafio e, à melhor de cinco sets, é preciso merecer e trabalhar para poder ganhar três. Vou consciente disso", finaliza Borges, parceiro do amigo Cabral na prova de pares.
Enquanto o maiato se prepara para disputar, pela terceira vez na carreira o torneio dos Antípodas, Jaime Faria, de 21 anos, vai se estrear no quadro principal de um Major, após ter ultrapassado a fase de qualificação e realizado "um sonho".
"Sinto-me realizado por conseguir jogar um quadro principal de um torneio do Grand Slam. Vou-me preparar para mais uma ronda e para vencer. É mais um encontro para desfrutar diante um oponente complicado", avançou Faria, número dois nacional e 124º colocado no ranking ATP.
O mais jovem tenista português a jogar o Open da Austrália, depois de Nuno Marques e João Cunha e Silva, vai defrontar domingo, na primeira ronda, o russo Pavel Kotov (99.º ATP) e, caso vença, terá no sérvio Novak Djkovic, 10 vezes campeão do Open da Austrália, um possível adversário.