NASCAR é sinónimo de emoções cruas, drama não escrito e corridas de alta octanagem. Quando o pneu encontra a estrada, os ânimos frequentemente se exaltam, levando a momentos inesquecíveis que se gravam nos anais do desporto. Um desses momentos icónicos foi o confronto ardente entre Bubba Wallace e Kyle Larson durante o South Point 400 no Las Vegas Motor Speedway em 2022.

No dia 16 de outubro de 2022, a corrida em Las Vegas estava a todo vapor quando o caos se instalou. Bubba Wallace e Kyle Larson colidiram na volta 94, resultando num espetáculo que deixou espectadores e equipas, incluindo a equipa de Rick Hendrick, num estado de choque e incredulidade.

O drama desenrolou-se quando Larson, ao volante do seu Chevy No. 5 da Hendrick, tentou forçar o Toyota No. 23 de Wallace para fora da pista na Curva 4. Wallace manteve-se firme, resultando no veículo de Larson a atingi-lo e a enviá-lo a espiral para a parede. O incidente também viu Christopher Bell a ficar enredado nos destroços.

No entanto, o verdadeiro espetáculo ainda estava por vir. Um Wallace enfurecido saiu do seu veículo danificado, atravessou 300 jardas de campo, e confrontou Larson, empurrando-o cinco vezes apesar dos oficiais tentarem intervir.

Larson reconheceu a sua manobra agressiva, mas acusou Wallace de exagerar ao retaliar contra ele e Bell, e depois de avançar em sua direção. Para citar Larson, “Eu sabia que ele [Bubba Wallace] ia retaliar de alguma forma. Provavelmente um pouco exagerado, e eu entendo – fiz uma situação de três carros a entrar na (Curva) 3 que acabou por o tirar da corrida.”

A resposta ardente de Wallace, capturada pela FOX, foi uma exibição crua e sem filtros de fúria dirigida diretamente a Larson. O Presidente da NASCAR, Steve Phelps, numa entrevista ao The Athletic, expressou o seu desagrado, afirmando que Wallace ultrapassou os limites. Ele enfatizou que a NASCAR não é a WWE; as suas narrativas não são escritas, mas desenrolam-se naturalmente.

A NASCAR tomou medidas sérias contra Wallace pela sua retaliação em pista, suspendendo-o por uma corrida. Isso fez dele o primeiro piloto na história recente a ser banido de correr devido a uma retaliação em pista. Wallace perdeu a corrida de Homestead-Miami como consequência, quebrando todas as regras de segurança pós-acidente.

Em resposta à suspensão, Wallace emitiu um pedido de desculpas, afirmando: “Quero pedir desculpa pelas minhas ações. … Não é o meu carácter.” Ele recebeu total apoio da sua equipa, 23XI Racing, que assegurou que planeavam lidar com a questão internamente e respeitavam a decisão da NASCAR. O co-proprietário Denny Hamlin também expressou o seu apoio a Wallace, embora reconhecendo a situação indesejável.

As consequências do incidente geraram uma base de fãs polarizada, com alguns a aplaudirem Wallace por se afirmar, enquanto outros criticavam o seu comportamento imprudente. O incidente foi um ponto de viragem para Wallace, que não apenas desafiou Larson, mas também as normas da própria NASCAR.

Fora da pista, Wallace enfrenta um tipo diferente de pressão. Como piloto da 23XI Racing, co-propriedade da lenda do basquetebol Michael Jordan, Wallace lida com as altas expectativas que vêm com o cargo. Apesar de não estar fisicamente presente em todas as corridas, a comunicação constante e o compromisso de Jordan são palpáveis dentro do grupo 23XI. Este compromisso não é apenas inspirador, mas também uma força motriz constante que mantém Wallace alerta.

A influência de Jordan vai além da pista de corridas, com Wallace a sentir a pressão na sua vida quotidiana. Embora a vitória de Wallace em Talladega tenha sido um testemunho do seu potencial, os momentos baixos são mais difíceis sob o olhar atento de Jordan. Os constantes lembretes de Jordan servem como um aviso de que Wallace corre não apenas por si mesmo, mas também por uma equipa, uma visão e uma nova era na NASCAR.

O incidente em Las Vegas foi um claro testemunho das emoções cruas e do drama não ensaiado que tornam a NASCAR ‘Verdadeiramente Americana’. Foi um lembrete de que, enquanto o desporto prospera com o seu espírito competitivo, a segurança e a conduta dos seus atletas são fundamentais. Este equilíbrio entre espetáculo e segurança é delicado, e a forma como a NASCAR lidou com o incidente Wallace-Larson reforça o seu compromisso com este princípio.