Não fazer parte da principal divisão da Liga das Nações está a fazer Portugal contornar um arvoredo de obstáculos para chegar ao Euro. Esta noite, a seleção nacional deu mais um passo para a desflorestação de armadilhas que se podem opor entre a equipa treinada por Francisco Neto e a terceira presença consecutiva na prova.
Trazer uma vantagem de três golos da 1.ª mão injetou confiança no selecionador para fazer sete alterações no onze inicial. Sobraram apenas Ana Borges, Ana Capeta, Carole Costa e Tatiana Pinto na equipa inicial que começou por estranhar o rodízio de novas peças.
Portugal não criou tantas oportunidades como em Baku (mesmo assim foram muitas), mas foi mais eficaz. À escala possível para as suas capacidades futebolísticas, as azeris, talentosamente subnutridas, tomaram as medidas próprias de quem está em desvantagem. Subiram então a linha defensiva pensando que aproximá-la da baliza de Patrícia Morais trouxesse algo mais do que condições para Portugal aproveitar.
O espaço nas costas da defesa tinha uma placa a indicar a rota para a baliza de Aytac Sharifova. Diana Silva, colocada astuciosamente por Francisco Neto na frente para suprimir o que Telma Encarnação não oferece no ataque à profundidade, viu a ordem dada e ao sinal verde avançou em velocidade. Fez assim o seu segundo golo do encontro. Antes, tinha já desviado um canto com sucesso.
Já com uma almofada que ocupava a cama toda, a seleção geria a eliminatória. Carolina Mendes saltou do banco diretamente para o local de onde rematou ao poste. Telma Encarnação fez o mesmo a dez minutos do fim. Estas tentativas causaram mais aparato do que aquela que viria mesmo a dar o terceiro golo a Portugal. As jogadoras, que tendencialmente reclamam por tudo e por nada (tal como todos os futebolistas), não deram nas vistas a protestar um penálti que o VAR detetou e Dolores Silva converteu.
Como um rio que viaja sempre no mesmo sentido, Portugal manteve o fluxo de jogo, escusando-se a eventuais danos que um inverter da maré lhe pudesse trazer. O Azerbeijão terminou reduzido a dez jogadoras com Peritan Bozdag a calcar Diana Silva na zona do tendão de Aquiles. Mesmo não faltando motivos para a equipa portuguesa estar tranquila, Fátima Pinto, de fora da área, escreveu direito com o pé esquerdo mais um apelo à paz de espírito.
Ultrapassado sem sobressaltos o primeiro playoff, Portugal avança para a próxima ronda em que, aí sim, pode garantir uma das restantes setes vagas para o Euro 2025. É à Chéquia – seleção que nunca esteve na prova, mas que esteve na principal divisão da Liga da Nações – que falta dar um nó antes de Portugal se amarrar a um lugar na competição que decorre na Suíça.