Haverá uma qualquer satisfação em tratar do que se tem a tratar bem cedo. Na Vila das Aves, frente a um clube que se chama AVS ou talvez AFS, se calhar até os dois, só Aves é que não, o FC Porto de Vítor Bruno voltou ao nível exibicional que arregalou muito olho no início da época, e que se tinha perdido por entre os dedos para um jogo mais direto, ainda que com resultados positivos.
Fazendo descansar Galeno e com Ivan Jaime novamente no banco, o treinador do FC Porto deu a titularidade a Namaso no apoio a Samu e colocou Fábio Vieira a fazer companhia a Martim Fernandes do lado direito, duas sociedades que seriam decisivas para um resultado volumoso, de 5-0, e para um baile bem orquestrado que cedo deu cabo da resistência do rival, que aos 15 minutos de jogo já tinha visto os dragões enviarem duas bolas aos ferros.
Poderia parecer então que o FC Porto estava num daqueles dias que em nem um banho de sal grosso ia afastar o mau-olhado, mas não: era apenas o sinal do que estava para vir, de uma avalanche de eficácia, apimentada com marcações falhadas e erros individuais do AVS (ou AFS), que os dragões agradeceram com convicção.
Nico, homem renascido para a relação com o golo, fez o primeiro aos 22’, dizendo que sim de cabeça a um cruzamento rendilhado vindo do lado direito mas do pé esquerdo de Fábio Vieira, também ele aparentemente ressuscitado para as boas exibições, a aproveitar bem a oportunidade dada por Vítor Bruno. Com Namaso bem na ligação do jogo portista e Martim Fernandes a voar pela ala, rapidamente os números engordaram.
Samu fez o seu primeiro pouco depois da meia-hora, matando no peito um cruzamento de Martim e, naquele jeito meio desconchavado, mas altamente eficaz, a ultrapassar assim Fernando Fonseca antes do remate para a baliza. Com a cabeça em água terá acabado Fonseca este jogo, tais os cubos de rubik que Samu lhe foi lançando, para os quais nunca teve solução. Pouco depois, lá estava o espanhol de novo a finalizar após mais um cruzamento de Martim Fernandes, que combinou bem com Fábio Vieira novamente na direita.
O hat-trick perfeito de Samu chegou ainda na 1.ª parte: depois de pé direito e de cabeça, finalizou de pé esquerdo após mais uma desmarcação bem afinada, numa jogada na qual ele próprio foi o pivô a meio campo, antes da correria até à área para marcar. Depois deste jogo, depois deste fabuloso início de vida a azul e branco do jovem avançado ex-Atlético Madrid, Fábio Vieira terá um novo hit para cantar: O meu nome é Samu, e o teu qual é?
Fábio Vieira, o homem que apresentou a cantora Rebeca a Londres, saiu cedo na 2.ª parte, talvez por o seu físico ainda não estar em ponto de rebuçado, mas por essa altura já o FC Porto se podia dar ao luxo de controlar. Ainda tentou manter o pé no acelerador após o intervalo, mas logo chegou a hora de colocar algum gelo e refrescar a equipa. O 4-0 já era resultado de bela monta mas ainda dava para mais e ambição de Rodrigo Mora permitiu ao FC Porto ainda fazer o 5-0, já quase no final do jogo.
Na baliza do AVS estava Memo Ochoa, que meses antes do nascimento de Mora já estava a jogar pelo México no Mundial de 2006. Foi o primeiro golo oficial do menino pelo FC Porto e assentou bem à vitória concludente dos dragões, a fechar a jornada dando um sinal de qualidade e profundidade de opções.