Em fevereiro, o mundo do futebol ficou apreensivo com o estado clínico de Alberth Elis, antigo jogador do Boavista que, ao serviço do Bordéus, sofreu um grave traumatismo craniano ao chocar com um jogador do Guingamp, durante um duelo da 2.ª divisão francesa. O avançado, de 28 anos, teve de ser submetido a uma cirurgia e ficou em coma induzido durante alguns dias. Num relato impressionante ao 'The Athletic', Alberth Elis revelou que não se lembrava de nada quando acordou do coma.

"Quando acordei, não me lembrava que era jogador de futebol. Não me lembrava que estava em França, não me lembrava de que era hondurenho. Os médicos pensaram que seria difícil voltar a ficar bem", começou por relatar.

"As primeiras duas semanas foram difíceis porque mentalmente não estava a 100%, mas dia após dia comecei a melhorar e a compreender-me melhor. Os meus pais disseram-me que estava sempre feliz. Feliz porque estava vivo e grato a Deus porque me estava a dar outra oportunidade na vida", continuou o jogador que ao serviço do Boavista, na temporada 2020/21, marcou 8 golos em 32 jogos.

Alberth Elis revelou ainda que teve de aprender a ler e a escrever numa clínica de reabilitação e que fez de tudo para voltar ao que era antes, com a ajuda preciosa dos pais: "De manhã ia para a escola, à tarde ia para o ginásio. Todos os dias eram iguais para que pudesse recuperar".

No início desta época, o Bordéus declarou falência, perdendo o estatuto de clube profissional. Mais um revés na vida de Alberth Elis, que continuava a recuperar a bom ritmo e queria regressar ao emblema francês. Ficou sem clube...: "Ainda tinha mais dois anos de contrato. Queria regressar e voltar a jogar pelo clube".

Atualmente, Alberth Elis, apesar de confessar que recebeu várias propostas, dedica-se ao Panteras FC, um clube das Honduras que o antigo jogador do Boavista criou e com o qual tem treinado: "Quero apoiar os jovens do meu país para que, tal como eu, possam realizar o sonho de serem futebolistas profissionais".

"Quero voltar e mostrar que estou a 100%. O ideal seria regressar em janeiro. Já fiz exames médicos e disseram-me que estou bem, que posso voltar a jogar. Estou a treinar há cinco meses e sempre com uma proteção na cabeça", finalizou.