O aplauso foi tímido, mas existiu. O tribunal de Alvalade, talvez ainda em choque, sem saber como reagir às notícias das últimas 24 horas, não triturou Rúben Amorim, mais do que provavelmente de saída para o Manchester United menos de três meses depois do arranque de uma época em que prometeu uma equipa a lutar pelo bicampeonato.
O silêncio que pautou o jogo terá outros motivos que não esse choque. As claques boicotaram este jogo de Taça da Liga, protestando contra a sua possível internacionalização, mas pareceu uma boa analogia com a bomba que será a internacionalização de Rúben Amorim, deixando o Sporting órfão do homem que, convenhamos, tudo mudou. Consequentemente ou não - tudo agora são sensações, auscultações de emoções -, o Sporting teve nesta estreia da Taça da Liga um jogo algo desinspirado quando em campo estiveram as suas segundas linhas, para melhorar muito quando o treinador meteu a mão no jogo e lançou os seus homens mais importantes.
O Sporting está na final four da Taça da Liga depois de bater o Nacional por 3-1. Resta saber em que Taça da Liga vai estar Rúben Amorim a partir da próxima semana, se na portuguesa ou na inglesa.
O arranque de um Sporting com Harder, Maxi e Edwards na frente foi interessante, pressionante e com várias oportunidades nos primeiros 20 minutos. Logo aos 3 minutos, um desvio penteado de cabeça de Matheus Reis após canto quase abria a contagem e pouco depois um tiro de Fresneda só foi parado pelo poste.
O ímpeto sportinguista viria a esmorecer, mérito também do Nacional que acertou posicionamentos na defesa, fechando os outrora escancarados caminhos para a baliza de Lucas França e controlando a equipa da casa. Aproveitou então o Nacional para ensaiar algumas jogadas rápidas: à passagem da meia-hora, uma boa transição deixou Daniel Penha em posição para marcar, mas o remate saiu-lhe enrolado.
Ao intervalo, Amorim dava indicações a Araújo como se muitos outros jogos ainda os fossem juntar no futuro. Lançou Trincão, Debast e Gyökeres, pesos-pesados, mostrando assim o seu desagrado com o final da 1.ª parte - e uma grande vontade em não deixar Alvalade com um sabor agridoce, claro está.
Com o sueco em campo, houve mais pressão, mas espaços, mais preocupação do Nacional, encostado à sua baliza. O golo surgiu com naturalidade, num cruzamento de Morita na linha que o remate cruzado de Hjulmand transformou em festa, um extravasar de nervosismo contido nas bancadas, por muitas outras razões que não um jogo de Taça da Liga mais apertado.
Gyökeres faria o 2-0 de penálti aos 65, terminando, aparentemente, com qualquer veleidade do Nacional. Parecia que restava esperar pelo final do jogo, para o que *verdadeiramente* interessava menos para Gyökeres que gritava “mais, mais, mais”, enquanto enrolava as mãos no sinal universal de dar à corda. Poucos segundos depois, Luís Esteves rematou e a bola ainda tocou em Rúben Macedo para enganar Kovacevic - não seria este dar à corda pretendido pelo nórdico.
Zangado, Gyökeres não foi de modas e resolveu marcar um livre direto frontal como se um penálti se tratasse. E deu golo, uma bomba de raiva. Era este dar à corda que ele falava.
O Nacional ainda assustou aqui e ali, enquanto o Sporting tentava controlar o jogo. O jogo não sairia disto. O susto maior parecia ali ao virar da esquina para os adeptos, quanto mais o relógio se aproximava dos 90. Não haverá vitória mais agridoce na história recente do clube.