A lista é curta, recheada de nomes ilustres, mas amplamente restrita quando o filtro imposto é o de ter representado Vitória SC e Betis. Entre os dez jogadores portugueses que algum dia vestiram a camisola vitorianos e verdiblancos, um cintilou entre os demais e encurtou-nos as centenas de quilómetros que separam Sevilha de Guimarães. Senhoras e senhores, eis João Tomás.

Personalidade associada a golos entre os últimos anos do século passado e o início da segunda década do milénio, o antigo internacional português projetou o embate desta quinta-feira, exultando as virtudes que, a seu ver, poderão potenciar uma das partidas mais entusiasmantes do emblema do Berço da nação dos últimos anos.

«Não acredito que a eliminatória fique decidida»

Indubitavelmente atraído por «uma das melhores ligas europeias» bem como pelas «condições financeiras» praticadas no país vizinho aquando da sua mudança para o Betis, João Tomás frisou a «dimensão dos clubes» e as condições para trabalhar que, já na altura, existiam em comparação com os clubes portugueses.

João Tomás a festejar com Joaquín, lenda maior do Betis @Getty Images

No entanto, as semelhanças também se patentearam entre as duas épocas que representou os andaluzes e a campanha em que vestiu o preto e branco vitoriano.

«A ligação que existe entre cidades e clube é muito semelhante. É evidente que Guimarães tem o Vitória SC e Sevilha está repartido em Sevilla e Betis. Estamos a falar de dois clubes muito grandes, numa cidade muito grande, onde o sentimento pelos clubes é muito idêntico. O sentimento e a identificação clubística não se compra», comparou.

«Vai ser uma eliminatória equilibrada. Poderá existir um certo favoritismo do Betis, mas não acredito que fique decidida, longe disso até», revelou apoiado numa ponderação inquietante: «Vai ser disputado. Não vai ser fácil para nenhuma das equipas.»

«Jogando em casa, o Betis vai querer acelerar, vai querer fazer um resultado que lhe permita ir a Guimarães com alguma margem. Partindo na eliminatória a jogar fora, o Vitória SC terá de apresentar algumas cautelas para que o segundo jogo em Guimarães possa ser importante para o desfecho», prosseguiu.

qO Vitória SC terá de apresentar algumas cautelas para que o segundo jogo em Guimarães possa ser importante para o desfecho
João Tomás

Mas afinal, quais os sinais transmitidos pelos Conquistadores frente a equipas de nomeada?: «Frente ao FC Porto, a equipa esteve muito personalizada e, mesmo muito pressionada nos momentos iniciais, soube gerir. Nunca se desorganizou, manteve o nível de jogo muito alto e creio que agora vai acontecer o mesmo.»

«Era importante para Portugal manter mais uma equipa nas competições europeias. Vamos ver o que acontece», garantiu.

A força do coletivo vitoriano e um Isco a ter em conta

E se as tendências coletivas definem personalidades e formas de estar dentro das quatro linhas, independentemente, do adversário que surgir pela frente, a conversa foi desaguar nos potenciais fatores de desequilíbrio a favor de cada uma das equipas.

Antigo avançado frisou valência coletiva do miolo vitoriano @Catarina Morais / Kapta +

«Do lado do Betis, o Isco inevitavelmente pode fazer a diferença, embora agora se possa falar na contratação sonante que foi o Antony. Mas quanto ao Isco, embora tenha ficado muito tempo afastado, nota-se claramente a diferença na equipa com a presença dele em campo. Não é coincidência um momento ou outro mais difícil com ele de fora e, neste momento, estar a agora bem», constatou, antes de avaliar as virtudes vitorianas.

«No Vitória SC não identifico ninguém pela sua individualidade, mas o meio-campo do Vitória SC é a grande fortaleza da equipa. O Tiago Silva, o Händel, o Samu, o Nuno Santos... na frente o Telmo Arcanjo, o Nelson Oliveira. Quando as equipas são fortes coletivamente, também são fortes individualmente e estão mais perto de decidir jogos», avaliou ainda.

Benito Villamarín: fator de motivação inequívoco

Sobre a influência que o histórico recinto - Estádio Benito Villamarín - pode representar para a formação vimaranense, João Tomás aludiu ao seu cariz diferenciado, preferindo comentar a importância da fase em que a Conference League se encontra para realçar a eventual motivação extra dos pupilos de Luís Freire.

Recinto bético promete ser tão aliciante quanto adverso @Getty / Firo Foto

«O estádio já é realmente diferente do ponto de vista do ambiente. Isso não tenho dúvidas e basta ver um jogo. Estive lá há pouco mais e tenho isso bem fresco na minha memória. O estádio vai estar cheio, com mais de 50 mil pessoas, mas não acredito que os jogadores do Vitória SC estejam intimidados com a pressão. Longe disso, acho que vão estar perfeitamente habituados», assegurou, pouco antes de encerrar o diálogo com o nosso portal.

«A motivação já é inerente à fase da competição. As equipas vão estar muito focados no que podem fazer e na passagem à fase seguinte, mas sim, o ambiente fantástico tem tudo para ser um fator de motivação para todos os jogadores», dissertou João Tomás em jeito de conclusão.