Não se fala de outra coisa no futebol nacional, o Benfica escorregou outra vez e deixou fugir cada vez mais os seus rivais diretos, Porto e Sporting, na corrida pelo título nacional.

Ontem, no Estádio da Luz, assistimos a um escaldante Benfica x Braga, onde os encarnados só tinham uma solução: ganhar. Pois bem, a missão era tão difícil na teoria, como na prática… tudo isto porque o Braga teimava em não facilitar a vida à turma de Bruno Lage. Os arsenalistas vinham a Lisboa com um claro objetivo, derrotar os encarnados e dar também um pontapé da contestação que a equipa minhota tem sido alvo por parte dos seus adeptos e da crítica desportiva.

Foi um jogo muito bem disputado, isso é certo, com duas equipas a lutarem pela vitória, mas com um Braga a estudar muito bem a lição e a ferir o seu adversário onde era notório que estava mais frágil, no miolo.

Mais um jogo, mais uma entrada em falso do Benfica em campo, que demonstrou uma apatia enorme na parte central do terreno, e foi completamente incapaz de parar, por exemplo, Bruma, que assume uma tarefa mais central nesta fase da temporada, sendo uma espécie de vagabundo do conjunto de Carvalhal, a fazer lembrar Rafa nos tempos recentes de Benfica.

A inclusão do extremo de 30 anos neste papel permitiu que a equipa se soltasse muitas vezes pelas faixas, mas também que explorasse os terrenos interiores com extrema assertividade, talvez pela ausência notória de um jogador que fosse capaz de “estancar” estes avanços dos adversários, como Florentino, por exemplo.

Na minha ótica, é perfeitamente lógica a perceção de Bruno Lage em relação ao que quer para a equipa do Benfica e em relação aos intérpretes que quer ter em campo para executarem a sua estratégia, porque percebemos que Kokcu é um jogador diferenciado com a bola nos pés, e com espaço para jogar, pode ser até letal. Já que Lage privilegia a posse de bola, é muito importante ter o turco em campo, com um jogador que tenho passada larga e capacidade de queimar linhas de pressão com bola, sendo esse jogador Leandro Barreiro, ou Renato caso estivesse em boa forma. O internacional português até mostrou, neste jogo, bons apontamentos ao entrar na segunda parte.

O que é certo é que, na minha ótica, Kokcu continua a jogar muito recuado, mais uma vez percebo a ideia de “dar bola” ao turco, mas isto implica também que esteja maior parte das vezes longe da baliza adversária, longe do último passe, onde na minha opinião, é decisivo. Porém, quem assumiu ontem o papel de chegada à área contrária foi Barreiro, e mais uma vez mal, na minha opinião, porque acredito que o médio luxemburguês sabe chegar à área adversária, tem qualidade e pulmão para o fazer, mas falta-lhe depois sentido de baliza, falta-lhe golo e falta-lhe critério de decisão no último terço. A este nível, isto implica ao Benfica não marcar golos que podem ser decisivos.

No entanto, quero também realçar o excelente desempenho que Leandro Barreiro teve ao assumir o corredor direito da defesa do Benfica depois da saída de Alexander Bah, tendo estado até ligado ao golo de Arthur Cabral, o único dos encarnados na partida. Esteve praticamente irrepreensível nas suas tarefas, podendo ser uma solução interessante e a explorar daqui para a frente.

Não queria deixar de mencionar neste artigo a boa exibição de Di Maria, que tentou bastante chegar à baliza contrária, e também a insistência que Arthur Cabral mostra em todos os jogos, não sendo este exceção.

Já do lado bracarense, uma salva de palmas para Carlos Carvalhal, que jogou olhos nos olhos com uma das melhores equipas deste campeonato, soube explorar na perfeição as debilidades defensivas do Benfica, e ainda lançou o jovem Diego Rodrigues pela primeira vez na equipa principal bracarense.

No final de contas, o Benfica perde pontos no campeonato pela segunda vez consecutiva, depois do recente desaire em Alvalade, e não conseguiu aproveitar o empate do Sporting em Guimarães.

Este jogo marca também o próximo encontro entre as duas equipas, já na quarta-feira, onde Bruno Lage pode aproveitar para tentar corrigir algumas das ‘nuances’ táticas que falharam, e assim ferir o Braga e seguir na Taça da Liga. Mas também, e essencialmente, recuperar animicamente a sua equipa, coisa que, nesta altura, é completamente decisiva.