Comunicada à CMVM operação de emissão de obrigações que vai atingir os 115 milhões de euros, José Pedro Pereira da Costa, administrador financeiro da SAD do FC Porto, explicou, em declarações aos meios do clube azul e brancos, os moldes em que foi realizado o processo em questão, que "vai servir essencialmente para refinanciar o passivo do FC Porto com prazos bastante mais longos e com custos bastante mais atrativos".

"Trata-se de uma operação inovadora a nível nacional e internacional. É uma operação de muito longo prazo, pois estamos a falar de uma operação de 25 anos. É uma emissão obrigacionista que vai ser feita através de uma sociedade que é Dragon Notes, que é uma subsidiária do FC Porto que detém 70% dos direitos económicos da Porto Stadco. Aproveito para referir que esta emissão foi possível após a renegociação do acordo com a Ithaka, uma renegociação que foi feita já pela atual Administração e que possibilitou esta operação de emissão de dívida a partir dos 70% dos direitos económicos da Porto Stadco", começou por explicar o administrador, antes de ir ainda mais ao detalhes: "Através da Dragon Notes, iniciámos a montagem da operação há cerca de seis meses e conseguimos um rating de qualidade por parte de uma agência internacional (DBRS), dando qualidade de investimento a esta operação. É um três B baixo, mas mesmo assim dentro de um nível de investment grade de qualidade a nível nacional. Após a atribuição do rating, iniciámos a montagem da operação em conjunto com um banco internacional, o JP Morgan, que nos ajudou."

Segundo explica Pereira da Costa, a SAD portista chegou a receber potenciais investidores no Estádio do Dragão nos jogos europeu e a procura para a emissão foi elevada, chegando a ordens de subscrição no valor total de 170 milhões de euros, o que obrigou a uma seleção para se chegar aos 115 milhões de euros finais.

"É uma operação de 115 milhões de euros, portanto, é uma operação de grande dimensão. Estamos a falar sobretudo de grandes investidores americanos, que normalmente investem com estes prazos muito longos e em empresas com boa qualidade de crédito, como é o caso da Dragon Notes. Iniciámos esse processo de marketing e chegámos inclusive a receber alguns destes potenciais investidores aqui no Estádio do Dragão nos dias dos jogos com o Manchester United e com o Hoffenheim. Acabámos por ter bastante procura para esta emissão, tivemos ordens de subscrição no valor total de 170 milhões de euros e tivemos que fazer aqui algum rateio para que chegássemos aos 115 milhões de euros finais", referiu, elogiando o lote de investidores assegurados para esta operação.

"Acabámos por ter um lote de investidores de muito boa qualidade, pois estamos a falar essencialmente de grandes seguradoras americanas que estão no lote das maiores seguradoras a nível mundial. Através de um processo competitivo, conseguimos chegar a uma taxa que nos parece que é muito vantajosa para o FC Porto. Vamos pagar 5,62% de juro anual, o que para uma emissão de 25 anos é muitíssimo positivo. É uma operação que vencerá em novembro de 2049 e nos primeiros três anos só vamos pagar os juros. A partir de novembro de 2028, faremos a amortização de capital e juros em prestações constantes, numa modalidade similar ao crédito à habitação. Vamos ter um valor fixo anual que pagaremos de capital e juros", continuou.

Além disso, o administrador financeiro fez questão de sublinhar que a operação não envolve qualquer alienação da percentagem da recém-estabelecida Porto Stadco. "Isto não se trata de alienar os 70% da Porto Stadco. Não vamos consignar esses 70% a esta operação na perspetiva em que a Dragon Notes receberá os respetivos dividendos relativamente aos 70% da Porto Stadco e esses dividendos servirão em primeira instância para pagar o serviço da dívida desta nova emissão. O excedente que sobrar reverte para a FC Porto SAD", explicou, prosseguindo: "Portanto, com esta operação não estamos a fazer uma venda dos 70% que detemos da Porto Stadco. A nossa expectativa é que vamos pagar o serviço da dívida, mas o resultado que sobrar é apropriado pela FC Porto SAD. Nesse aspeto, também nos parece uma operação vantajosa e diferente de operações que foram feitas no passado, que acabaram por ser antecipação de receitas futuras. Marca uma diferença grande, é uma dívida que terá de ser pagar futuramente."

Por fim, Pereira da Costa reforçou os custos de competitivos nesta operação, abaixo do habitualmente praticado em processos semelhantes. "Relativamente aos custos da montagem da operação, sendo relevantes, acabaram por ser diluídos por um prazo de 25 anos e por um montante muito elevado, os tais 115 milhões de euros. Como comparação, nas obrigações típicas que são colocadas junto de pequenos investidores, os custos de montagem e colocação, se forem diluídos pelo montante e pelo prazo da operação, podem atingir perto de 1% de custo anual. No caso desta operação, como dilui por 25 anos e por 115 milhões de euros, o custo anual fixa-se nos 0,26%. Portanto, acrescem aos 5,62%, mas estamos a falar de um custo muito competitivo e abaixo dos 6%. Para um prazo de 25 anos, é um custo vantajoso para o FC Porto", terminou.