A Hyundai sofreu um golpe no Rally do Chile após o seu protesto contra os tempos notionais revistos para a primeira etapa ter sido rejeitado, custando a Ott Tänak a sua liderança arduamente conquistada. A controvérsia surgiu quando a primeira etapa foi interrompida com bandeira vermelha, após apenas os três primeiros carros—Thierry Neuville, Sébastien Ogier e Tänak—terem completado a prova, obrigando o restante do pelotão a passar em modo de estrada.

Inicialmente, os tempos foram definidos com base na corrida mais lenta de Neuville, a menos competitiva dos três tempos completados. No entanto, após uma análise mais aprofundada após a quarta etapa, o diretor desportivo da Toyota, Kaj Lindström, solicitou com sucesso ajustes, argumentando que a segunda corrida do teste de Pulperia mostrava discrepâncias na alocação original. Como resultado, Elfyn Evans recebeu 3,4 segundos adicionais, promovendo-o à liderança durante a noite, enquanto Tänak foi relegado para o segundo lugar, a apenas três segundos do primeiro posto.

Protesto Rejeitado da Hyundai

A Hyundai rapidamente apresentou um protesto contra os tempos recalculados, argumentando que os tempos notionais deveriam ser baseados no tempo mais rápido da etapa (o de Ogier) em vez da corrida mais lenta de Neuville. Eles sustentaram que o processo de ajuste deveria ser mais subjetivo, considerando as condições específicas da corrida e o desempenho do piloto.

No entanto, os comissários discordaram, mantendo a decisão inicial do Chefe de Prova, citando que o método aplicado—usar o tempo mais lento como base—era tanto justo quanto estava dentro dos procedimentos aceites do WRC. Os comissários enfatizaram que não existe uma única forma correta de alocar tempos notionais, e a consistência na abordagem é fundamental para a justiça.

Justificação dos Comissários: Justiça Acima da Subjetividade

Os comissários reconheceram que vários métodos poderiam gerar resultados diferentes e que julgamentos subjetivos poderiam levar a disputas entre as equipas. Argumentaram que o Chefe de Prova deve ser objetivo e não influenciado pelas circunstâncias individuais dos carros, uma vez que o “julgamento das probabilidades de factos incertos” desempenha um papel crucial no processo. A decisão destacou que uma etapa sem incidentes poderia ter levado a resultados diferentes—ou tempos mais lentos ou mais rápidos.

Apesar de reconhecer que o método proposto pela Hyundai poderia ter sido válido, os comissários mantiveram que a abordagem adotada pelo Chefe de Prova foi “justa e razoável.” Consequentemente, o recurso da Hyundai não conseguiu provar que os tempos revistos prejudicaram injustamente Tänak.

Defesa da FIA das Alocações de Tempo Notional

Representando o Chefe de Prova, o Delegado Desportivo da FIA e co-piloto campeão do Mundo de Rally em duas ocasiões, Timo Rautiainen, defendeu a utilização do tempo mais lento de Neuville. Ele explicou que, historicamente, o WRC prefere estabelecer tempos notionais usando o tempo mais lento registado entre os pilotos, e não o mais rápido, para garantir justiça em todo o processo.

A controvérsia aprofundou-se quando o pedido de Lindström levou a revisões e ajustes adicionais após a quarta etapa, afetando os tempos de Evans, Sami Pajari e Adrien Fourmaux da M-Sport. Embora o Chefe de Prova inicialmente não visse necessidade de revisões, o recurso subsequente da Toyota resultou em novos ajustes que beneficiaram os seus pilotos.

Rautiainen reiterou que, embora a atribuição de tempos nominais não seja uma ciência exata, o procedimento estabelecido visa manter um nível de justiça aceitável para a maioria, apesar da variabilidade inerente nas perspetivas individuais sobre o que é justo.

Conclusão

O resultado deixa a Hyundai frustrada, uma vez que a vantagem de Tänak se desvanece em meio a regulamentos complexos e interpretações subjetivas de justiça nas corridas de rally. A decisão sublinha os desafios contínuos enfrentados pelos oficiais na manutenção de padrões consistentes no ambiente de alto risco do WRC, onde decisões em frações de segundo podem ter impactos significativos na classificação do campeonato.