Paulo Sousa não está em Portugal desde 2008, quando treinava as seleções jovens, mas já pensa num possível regresso. As declarações foram do próprio treinador à margem da terceira edição da cimeira Thinking Football.

«Iniciei por fora a carreira de treinador nos clubes e isso acabou sempre por me afastar daquilo que é a nossa realidade. Sinto-me cada vez mais próximo de Portugal. Não sei se é para continuar nesta linha como treinador, mas penso que sim, porque assim o quero fazer e tenho essa projeção. Sinto essa necessidade de estar cada vez mais próximo e reconheço valor maior na expressão daquilo que fazemos bem», confessou o técnico português do Shabab Al-Ahli, dos Emirados Árabes Unidos.

Paulo Sousa, com passagens por França, Itália, Inglaterra e Brasil, sabe melhor que ninguém como é visto o talento português lá fora: «Há uma transformação notável no desenvolvimento e reconhecimento mundial do talento português, que é transversal a jogadores, treinadores, dirigentes e agentes. Crescemos muito em conjunto e hoje temos uma expressão maior, porque somos reconhecidos.»

O técnico está assim na sua 11.ª experiência num país estrangeiro diferente, depois de oito meses sem treinar após abandonar o Salernitana em outubro de 2023. «Em Itália, tive projetos diferentes, com outra dimensão e foco. Havia uma distância temporal bastante grande [desde a conquista no Basileia], que me levou a tomar a decisão de abraçar um clube que tem a mesma missão que eu, que é ganhar títulos», explicou.

Agora, o foco está no Shabab Al-Ahli, que foi segundo classificado do escalão principal dos Emirados Árabes Unidos na época passada, após já ter festejado o título em 2022/23 sob o comando técnico do também português, Leonardo Jardim. «Como um bom português, procuro sempre desafios que ajudam a crescer, mas todos os que me chegaram antes não seriam para ganhar títulos. Este foi o maior desafio. Eu iniciei o meu processo como jogador a ganhar. Mesmo no início da carreira como treinador, também fui ganhando». salientou o técnico que começou por ser campeão nos israelitas do Maccabi Telavive, em 2013/14, e nos suíços do Basileia, em 2014/15.

Sobre o futebol nos EAU, Paulo Sousa ainda não pode tirar grandes conclusões: «Os Emirados Árabes Unidos estão a investir de uma forma diferente em treinadores e jogadores, mas ainda não tive muito tempo para poder entender o seu projeto-base. É um mercado que tem vindo a crescer no Médio Oriente e penso que essa evolução não será curta a nível temporal. Posiciona-se logo a seguir à Arábia Saudita e ao Qatar.»