Isto não é o Império Romano, mas o Império Milanês. E nesse é Sérgio Conceição o imperador. Veni, vidi, vici, disse o técnico português, que em dois jogos como treinador do AC Milan já levou prata para casa. Na segunda-feira, longe de Itália, em Riade, a vitória por 3-2 frente ao rival da cidade Inter não foi só um triunfo: significou um título, a Supertaça, mas também nova reviravolta no resultado, depois de tal já ter acontecido com a Juventus, no jogo de estreia de Conceição. E a atitude da equipa e o efeito imediato do ex-treinador do FC Porto no banco rossoneri não são esquecidos pela imprensa local.

“Vibrante final em Riade”, escreve o “La Reppublica”, que sublinha que “as alterações de Conceição deram a volta ao jogo”. Aos 47 minutos, o AC Milan perdia por 2-0, com o golo que confirmou a reviravolta, aos 90’+3, a surgir após combinação entre Rafael Leão e Tammy Abraham, dois jogadores saídos do banco.

O “Corriere della Sera”, generalista de Milão, fala de um AC MIlan “mais furioso e mais atento, mais lúcido e organizado” e de uma “reviravolta sensacional” operada por Sérgio Conceição. “Um bonito dérbi, decidido nos últimos segundos, dá a Supertaça ao Milan de Conceição, que parece transformado, pelo menos em termos de carácter. Como quase todos os jornais italianos, o “Corriere” sublinha que a “entrada de Leão mudou tudo”. Já Conceição mostra “coração, coragem, ideias fortes e claras”.

“Ainda há lugar para personalidade, adrenalina e convicção”, pode ler-se no “La Stampa”, que fala de Sérgio Conceição como “um mágico das palavras”. Em apenas uma semana, “o treinador português mudou a mente e a atitude de um grupo que estava à procura de uma identidade”, escreve o generalista de Turim.

Claudio Villa

Entre os desportivos, a “Gazzetta dello Sport”, o mais lido em Itália, é enfático: “Conceição muda a mentalidade do Milan e faz história”.

“Há jogos que valem mais do que uma vitória, mais do uma taça e mesmo uma Supertaça. Há jogos que são história e fazem história. Como este dérbi, que o Milan arrebatou depois de o ter quase como perdido”, lê-se na crónica do diário com sede precisamente em Milão, que sublinha que “Sérgio Conceição trouxe ao de cima uma mentalidade até agora desconhecida nos rossoneri”.

“Daqui a muitos anos, este dérbi ainda será falado: ‘Ainda se lembram daquele dia em Riade, quando o AC Milan estava a perder 2-0…’”, escreve a “Gazzetta”.

“O efeito que Conceição teve no Milan é incrível. Não deu a volta à equipa em termos táticos, até porque não teve tempo para isso. Na verdade, tentou mudar para 4-3-3 na 1.ª parte do jogo com a Juventus, mas rapidamente voltou atrás porque não estava a funcionar. No entanto, mudou a mentalidade do grupo, que mostrou teimosia, coragem, tenacidade e uma solidez que não tínhamos visto antes”, lê-se ainda no diário desportivo, que frisa que este “maravilhoso arranque” do treinador português permite ao Milan “olhar com confiança” para o que resta do campeonato, onde já está muito atrasado para a frente, mas também para a Champions.

O “Tuttosport”, de Turim, atribuiu à “coragem” de Sérgio Conceição a reviravolta, enquanto o “Corriere dello Sport” até já tem apodo para Conceição: “Mister Rimonta”.

“Em Portugal o chamariam de Mister Reviravolta, aqui é o Mister Rimonta”, lê-se no jornal. “Cinco golos, um remate ao poste, um espectacular remoinho de emoções, um dérbi ao mais alto nível”, regista o jornal sobre o jogo de segunda-feira. “Em Riade, o Inter viu o Diabo e capitulou”, continuou, referindo outra das alcunhas do Milan.