Andreia Bravo, médio de 19 anos, e Maísa Correia, avançada de 18, são duas das maiores esperanças provenientes da formação do Sporting. Contudo, não são as únicas – Matilde Nave, de 17 anos, estreou-se ainda este mês na equipa principal e várias outras estão na calha para o fazer – uma fábrica de talentos de um rendimento que parece inesgotável e que as duas jogadoras não se inibem de realçar.
O Sporting é uma equipa que aposta muito na formação. Sendo ambas jogadoras que cumpriram praticamente toda a formação no clube, como é estar numa instituição com estes princípios e que acreditar nas jovens jogadoras desde muito novas?
Andreia Bravo: Sim, o Sporting é um clube que aposta muito na formação. A equipa principal, profissional, tem muita ligação com a formação e acho que isso é muito bom, dá oportunidade a que nós, mais novas, tenhamos a oportunidade de jogar com as mais velhas e podermos mostrar que também temos o nosso valor. Acho que isso é muito bom para todas nós, porque conseguimos evoluir como jogadoras e também como pessoas e é bom para quem está de fora ver que o Sporting aposta não só nas mais velhas, mas também na sua formação.
Maísa Correia: Sim, na formação normalmente têm a mesma estrutura que nós. Então, isso acaba por facilitar sempre um pouquinho. Quando chegam aqui, pronto: treinam connosco e já sabem o que é o Sporting, isso acaba por facilitar.
A Maísa e a Andreia são duas de onze jogadoras formadas no próprio clube presentes no atual plantel. Como olham para isso? É uma motivação extra? Uma responsabilidade?
AB: Sim, é uma grande responsabilidade, acredito que eu seja um exemplo para quem está na formação e eu acho que isto tudo também é fruto do meu trabalho e acho que sou referência e quero demonstrar e mostrar que as da formação trabalhando também conseguem cá chegar e que nada foi sorte e é com o meu trabalho que cá estamos.
MC: Claro que sim, é uma grande responsabilidade provar a qualidade que tenho e se hoje estou na equipa A é porque fiz para o merecer. É sempre uma grande responsabilidade porque tens sempre alguma pressão em seres a jogadora mais nova e quando vais jogar e depois falhas demasiados jogos ou os jogos não são assim tão bons, as pessoas podem começar a achar que é só por sorte que estás lá, porque os misters gostaram de ti ou algo assim. Enquanto mais novas, temos de mostrar que fizemos para o merecer e que trabalhamos para isso.
Quando a Andreia foi chamada para o play-off da Seleção Nacional frente ao Azerbaijão, revelou a sua reação quando soube da sua chamada – que foi a Ana Borges quem lhe contou e foi em seguida contar aos pais e foi com eles que extravasou a alegria pela convocatória. Em que medida a estrutura, nomeadamente familiar, é importante? Onde e com quem encontram suporte?
AB: Sim, foi assim. Sou uma pessoa que não mostra muito os sentimentos de felicidade ou de tristeza à frente da equipa, sou mais resguardada, mostro sempre tudo com os meus pais. Acho que os meus pais são sempre o meu grande apoio em tudo, quer esteja feliz ou triste, tento nunca demonstrar tanto aqui e mostrar mais junto dos meus pais, porque sei que vão estar mais à vontade e é com os meus pais que revelo sempre tudo.
MC: Dentro do Sporting é a Fonte [Rita Fontemanha], é alguém que me ajuda, tanto dentro e como fora de campo. Fora de campo diria mais a família também. Um bocadinho aqui como a Andreia, muito ali na base dos pais mas muito menos, mas não sou pessoa de partilhar a felicidade com a família.
Recordam-se de quando se encontraram na mesma equipa pela primeira vez, no Sporting?
MC: lembro-me vagamente de que foi nas sub-15, mas vi a Bravo crescer demasiado rápido, até porque quando eu continuava no Pólo [Estádio Universitário] e estava entre o Pólo e a Academia, lembro-me de que ela já estava aqui [na Academia] e lembro-me de a ver na televisão, até me lembro de quando ela foi titular pela primeira vez, foi contra o Famalicão, e disse-lhe que estava muito orgulhosa apesar de ainda não estar com ela na equipa e que era um exemplo para mim vindo da formação, lembro-me de estar muito orgulhosa porque achei muito bonito ter uma pessoa que cresceu comigo, já está no patamar onde estava e hoje estamos aqui juntas. A nossa amizade é muito graças a ela.
AB: lembro-me, sim. E acredito que vou levar esta amizade daqui para a frente, quer esteja na mesma equipa que ela, quer não esteja, mas acredito que foi algo muito bom e é muito bom poder partilhar o mesmo balneário com a Maísa e saber que somos as duas da formação e já estamos as duas juntas, a jogar profissionalmente.