O escocês Stuart Baxter pronunciou-se pela primeira vez como treinador do Boavista e aproveitou a ocasião para assumir a importância da vertente psicológica desta missão no Bessa. Abordagem pragmática do momento axadrezado sem nunca descurar a esperança que encontrou no balneário axadrezado, garantindo também que a luz ao fundo do túnel foi um dos argumentos que o levou a aceitar o desafio do emblema portuense.

"Quando olhei para o treino vi uma atitude muito boa de todos e fiquei muito agradado com a postura, principalmente atendendo à situação difícil do clube, que é complicada de reproduzir por toda a tensão inerente", começou por afirmar Stuart Baxter, esclarecendo quais foram os motivos que o levaram a abdicar de um posto de trabalho na federação sueca para voltar a Portugal mais de 30 anos depois: "Não aceitei este desafio só porque é simpático estar no Porto. Aceitei porque a Liga Portuguesa é um mercado interessante e onde se produzem muito bons jogadores. Trabalhei três meses com Malcolm Allison no V. Setúbal em 1987 e conquistei títulos em vários continentes, mas o meu primeiro jogo aqui foi pelos Sub-19 de Inglaterra frente a uma equipa com Cristiano Ronaldo, Nani e Quaresma. Não é agora que quero ter uma descida de divisão no meu currículo, além de que sempre preferi trabalhar todos os dias com uma equipa do que só de três em três meses. O Boavista é um grande clube que vive momentos muito complicados, mas senti-me preparado para aceitar o desafio e vou fazer o meu melhor para ajudar a equipa a salvar-se de um destino que não quer.

Consideração realista que o treinador espera proporcionar impacto no plantel, sem esconder que o grande trunfo para o jogo com o Farense será o controlo emocional.

"Não tenho tempo para gradualmente convencer os jogadores que podem sair desta situação. Temos de fazer coisas que mudem os resultados imediatamente. Não é fácil e por isso não me posso dedicar a 20 coisas, apenas a duas ou três. Posso mudar a tática, posso mudar alguns elementos, mas acima de tudo o que espero é mudar a mentalidade", referiu Stuart Baxter, garantindo que "se os jogadores reproduzirem no jogo o que fazem nos treinos o Boavista tem uma chance": "Estou optimista, mas não tenho paciência, nem nenhum segredo especial, até porque, quando se tem um jogo tão importante como este frente ao Farense, a coisa mais importante é não deixar sair as emoções. É crucial abordar o jogo com controlo emocional e com a intenção de dar o melhor porque sabemos que a bola pode bater no poste e entrar ou sair, mas quando mais nos preocuparmos com isso menos hipóteses temos. O meu papel no imediato é tirar todas essas hipóteses da cabeça dos jogadores e fazer com que trabalhem duro para, quando se olharem ao espelho, ficarem com a consciência tranquila".

Stuart Baxter foi ainda mais longe ao asseverar que o reconhecimento da dura realidade é precisamente o alicerce do plano de jogo para a visita ao Farense

"Não vamos para Faro esperar, vamos para acreditar e isso implica ter um plano de jogo, mas do outro lado está um adversário em circunstâncias semelhantes, pelo que as duas equipas sabem muito bem quais são as regras do jogo nesta fase. Agora é sobre aceitá-las e apresentar desempenho. Tenho a certeza que será um jogo emocional, até porque não há como contornar esse aspecto, mas a equipa que se apresentar mais controlada tem mais hipótese de vencer o jogo", afirmou Stuart Baxter.