
Uma época parece ter bastado para que o Inter tenha entendido que Mehdi Taremi, avançado de 32 anos ex-FC Porto, não serve para as aspirações da equipa de Simone Inzaghi. 1561 minutos, três golos e seis assistências, num total de 37 jogos, não convenceram os nerazzurri e a gota de água vem mesmo do técnico que permitiu que o iraniano desse este passo na carreira: Sérgio Conceição.
Segundo avança o Calciomercato, o Inter quer reduzir a faixa etária do plantel e, para isso, o avançado de 32 anos é um dos dispensáveis, sobretudo pelo fraco rendimento desportivo que apresentou nos 37 desafios que disputou. As esperanças dos adeptos, que viam em Taremi uma boa alternativa a Lautaro Martínez e Marcus Thuram, ainda cresceram com a pré-época que o jogador realizou, com cinco golos em três jogos. No segundo jogo da temporada, realizou exibição de bom nível com uma assistência frente ao Lecce e, a 1 de outubro, marcou um e assistiu dois na vitória contra o Estrela Vermelha na UEFA Champions League. E depois... desapareceu.
As exibições inconsequentes de Taremi fizeram com que o avançado iraniano perdesse espaço no plantel dos nerazzurri. A isso, ajudou também que Marko Arnautovic, a outra alternativa na frente de ataque, somasse números cada vez melhores. Já leva, em menos de metade dos minutos, sete golos e quatro assistências, com quatro dos tentos apontados na Serie A no espaço de 10 jogos, sendo que, nesse intervalo, jogou apenas em seis dos duelos.
O único golo de Taremi na Serie A surgiu apenas a 26 de janeiro, na jornada 22 do campeonato italiano, precisamente contra o Lecce, o único adversário a quem assistiu, na primeira ronda. Aí, o iraniano até já havia conquistado mais um balão de oxigénio no Inter. Tudo graças a prestação frente a... Sérgio Conceição. E mesmo que o treinador português tenha deixado de treinar o avançado no final da época passada, os destinos de ambos parecem continuar a cruzar-se.
Da salvação com Conceição ao adeus... com Conceição
Mehdi Taremi tornou-se, nos quatro anos em que jogou de dragão ao peito, o avançado que mais golos marcou sob a alçada de Sérgio Conceição. Foram 88 em 171 partidas e, com algum simbolismo à mistura, acabou por ser o avançado a marcar o último golo da era Conceição no FC Porto: um penálti que valeu aos azuis e brancos a vitória por 2-1 frente ao Sporting na final da última edição da Taça de Portugal.
Nessa altura, já se sabia que o jogador rumaria a Milão no final da temporada e até já havia perdido algum espaço no onze portista, mas acabou por ser usado na decisão. Meses depois, Conceição enfrentava uma prova de fogo: vencer a Supertaça italiana logo no início do percurso com o Milan. Um percurso que começou, então, da melhor maneira, com uma reviravolta épica frente ao rival Inter na final, numa partida que, apesar de não ser coletivamente feliz para os nerazzurri, mostrou Taremi na melhor forma da época, com um golo e uma assistência que permitiram, na altura, que campeão italiano chegasse ao 2-0.
Depois disso, porém, Taremi só marcou em mais uma ocasião, o tal golo frente ao Lecce. E se foi contra o antigo mentor que ganhou tempo para mostrar o que vale, parece ter sido contra o antigo mentor que se esgotou a paciência da administração do clube. Na última quarta-feira, o Milan venceu o rival por 3-0, selou a passagem à final da Taça e Taremi, que esteve 54 minutos em campo, não somou qualquer remate, não venceu nenhum duelo e tocou na bola... 10 vezes. Alessandro Matri, antigo avançado do Milan e da Juventus, foi muito crítico: «As expectativas em Taremi eram altas por tudo o que fez no campeonato português, mas ainda não causou impacto. Digo mais: é muito desajeitado nos movimentos. Lamento, mas não se adaptou.»
Três golos, um por cada milhão líquido que Taremi aufere, um fator que também não ajuda a que fique mais tempo. Aos 32 anos, o iraniano poderá estar perto de lutar pelo contrato de uma vida, mas o futuro parece não passar por vestir a listada negra e azul. Foi Sérgio Conceição que permitiu que se lançasse, foi contra Sérgio Conceição que conseguiu mais uma oportunidade e foi contra Sérgio Conceição que a paciência terminou.