
Tiago Gouveia está de volta à competição, depois de uma longa paragem de sete meses. O avançado regressou ao serviço da equipa B do Benfica, diante do Ac. Viseu, e é por esse jogo, que começa a entrevista que o jogador deu ao BPlay. Ontem, recorde-se, voltou a jogar pela equipa principal, diante do Tirsense.
Como foi o dia do primeiro jogo após lesão?
Foi um dia estranho, diferente, passados sete meses, muita coisa mudou. A minha rotina durante esses 7 meses era totalmente diferente e nesse dia foi um regresso à rotina de há muito tempo. A rotina de acordar, a ânsia de me levantar para vir para cá [Benfica Campus], tomar o pequeno almoço em dia de jogo, a concentração, o almoço. Ao longo do tempo, à medida que nos aproximamos do jogo fui ficando mais tenso. A ativação antes do jogo com o coração a bater mais rápido, mas depois do apito, caí um pouco na realidade, de que acabou aquele tempo de sofrimento, de incerteza e foi uma felicidade muito grande. Foram só 45 minutos, mas souberam-me por 10 jogos. Foi uma sensação muito boa.
Como reagiu o corpo?
O corpo sentiu-se bem, já esperava isso. Preparei-me para que o meu corpo reagisse bem e foi isso que aconteceu. Fisicamente senti-me bem. Não saía daquele jogo da mesma forma se não tivéssemos ganho [1-0]. Independentemente de eu ir para a equipa B ganhar forma, ganhar minutos, se não tivéssemos vencido eu não iria sair feliz. Conseguimos ganhar, não sofrer, joguei a lateral-direito. Fiquei muito feliz. Acho que foi um jogo espectacular.
O que pensou quando começou o jogo?
Aqueles primeiros minutos podem ser receosos, no sentido do contacto a nível físico, ver como vou reagir, o primeiro sprint, nunca sabemos como vai ser. Logo o primeiro lance foi um lance de duelo, não tive medo de ir ao duelo. O que ia estar posto à prova naquele jogo, foi posto à prova no primeiro lance.
Quais eram as maiores incertezas?
A maior incerteza era a nível físico e téncico como é que iria voltar. Não era saber se o meu joelho vai estar bom ou não, mas era mesmo saber como iria voltar a nível técnico e físico. As rotações, os sprints, tinha sempre alguma incerteza, mas dissiparam-se um pouco. O meu objetivo é conseguir voltar aos níveis técnicos e físicos com que estava antes da lesão e acredito que irá acontecer num futuro muito, muito próximo
Quem lhe deu a mão neste período?
Fora daqui, a minha namorada foi fantástica este tempo todo. Foi um dos meus maiores suportes, os meus pais, irmãos. A minha avó que estava sempre a mandar mensagens a perguntar como estava. Mandava mensagens no espaço de duas horas. Dentro do clube, o grupo todo não me deixou cair e agradeço-lhes muito. Fizeram com que tivesse um sorriso todos os dias. Ver o António Silva chegar de manhã e começava-se a rir para mim e eu ria para ele. O Tomás Araújo igual, o Samuel Soares a mesma coisa, o Leandro Barreiro, o André gomes. Foram sete meses bastante difíceis, mas que passaram a voar. Ainda ontem estava a lesionar-me com o jogo com o Estrela da Amadora. Parece que foi rápido, pois tinha pessoas à minha volta que não me deixaram desanimar e ter uma energia negativa à minha volta.
Alguma vez pensou desistir?
Desistir, desistir, nunca me passou pela cabeça. Mas existiam as incertezas de como iria voltar. Isso foi o que mais me tomou conta da cabeça e do pensamento. Os dias mais difíceis eram os dias de jogo da equipa e os mais fáceis eram os dias de treinos, pois tinha o grupo todo. Uma das coisas que me agarrou foi o facto de ter esta personalidade de ser brincalhão e conseguia abstrair-me um pouco. Os dias de jogo vinha mais desmotivado, pois de manhã estava sozinho e à tarde/noite ia ver o jogo e custa sempre ver o jogo de fora. Penso que foram os meus maiores desafios e durante este tempo consegui ter pensamento de em vez de pensar, ok, 'vai ser mais um dia de lesão, ter o pensamento de ser menos um dia'. Ao longo do tempo fui fazendo mais coisas, mais exercícios e isso dava-me um oxigénio extra. E isso foi muito importante para mim, poder ir fazendo mais coisas.
Regresso mais forte?
A nível psicológico sim, voltei mais forte. A nível de jogo, ainda não consigo dizer isso, mas tenho a certeza que o irei dizer. Mentalmente cheguei mais forte, fisicamente e tecnicamente vou estar e ser muito melhor do que era antes. Estou pronto para ajudar a equipa. Quando estamos num clube assim, sabemos que a concorrência é grande e isso torna a tarefa mais desafiante. É com essa palavra que vou encarar este tempo que falta. Um tempo desafiante que não tenho a mínima dúvida que será bastante positivo para mim e para a equipa.
E a explosão e intensidade estão intactas?
Estão intactas e vão estar ainda mais consolidadas num futuro muito próximo.
Lage tem utilizado muito as palavras equipa, família e tropa. Sente-se pronto par entrar nestas palavras?
Tentei ao máximo estar dentro do grupo, sempre fui uma pessoa quando as coisas não estavam a correr bem, tentei puxar as pessoas para cima. Podem esperar o que fizemos até agora, tentar ganhar os jogos todos, não desistir até ao final de nenhum jogo. Esperar isto da equipa, de mim e esperar um Tiago muito motivado, fresco, fisicamente e psicologicamente. E um Tiago feliz, entusiasmado e com vontade enorme de conseguir ajudar e ser feliz.
Mensagem para os adeptos?
Agradecer o vosso apoio e suporte durante estes sete meses. Fui recebendo muitas mensagens e sempre preocupados quando iria voltar. E depois apelar ao vosso apoio, ao sentido de responsabilidade, acima de tudo, o vosso trabalho fora de campo é tão ou mais importante do que o nosso trabalho dentro de campo. Apelar ao vosso amor, ao vosso coração, ao vosso apoio.