O diretor da equipa Mercedes, Toto Wolff, rejeitou a ideia de que o desempenho recente da equipa na Fórmula 1 deva ser visto como um completo “fracasso”, destacando as complexidades de se manter no topo do desporto e refletindo sobre o sucesso ímpar dos seus oito títulos consecutivos de Construtores.
Desafios da Mercedes na Era do Efeito Solo
A introdução das regulamentações de efeito solo na F1 em 2022 marcou um ponto de viragem para a Mercedes, que tinha dominado o desporto durante quase uma década. A lutar para se adaptar às novas regras aerodinâmicas, a equipa desceu para o quarto lugar em 2024, com um desempenho inconsistente e desafios técnicos, incluindo porpoising e gestão de pneus, a prejudicarem a sua competitividade.
“Fomos sortudos e abençoados por ganhar oito títulos consecutivos de Campeão do Mundo,” disse Wolff. “Mas não se pode extrapolar a partir disso que se vai ganhar para sempre ou estar na luta por cada campeonato. Isso não acontece.”
Wolff atribuiu as atuais dificuldades da Mercedes às mudanças regulamentares, notando a dificuldade em construir um carro com desempenho consistente sob o novo quadro.
“Fomos apanhados por estas novas regulamentações em 2022,” admitiu. “Até hoje, simplesmente não conseguimos colocar um desempenho estável no carro.”
A Saída de Hamilton: Fim de uma Era
A iminente mudança de Lewis Hamilton para a Ferrari em 2025 adicionou uma nova camada de complexidade à narrativa da Mercedes. Apesar de ter conseguido vitórias em Silverstone e Spa-Francorchamps no início da temporada, Hamilton enfrentou um período difícil, culminando num fim de semana frustrante no Brasil, onde expressou abertamente o seu desejo de seguir em frente.
Wolff, no entanto, enfatizou que o legado de Hamilton na Mercedes permanece intacto. “Estamos juntos há 12 anos neste campeonato e ganhámos oito [títulos]. Os outros foram um falhanço? Não. Foi um período bastante bom para a Mercedes e para o Lewis.”
Rebatendo Críticas
Wolff também abordou as recentes manchetes que surgiram de um comentário num livro onde sugeriu que “todos têm um prazo de validade”, uma afirmação interpretada por alguns como uma crítica à forma de Hamilton. Wolff esclareceu que o comentário foi tirado de contexto e reiterou a sua crença na grandeza de Hamilton.
“Uma regra que estabelecemos muito cedo na nossa relação é que falamos imediatamente,” disse Wolff. “Essa foi uma frase num livro. Houve 99 outras frases onde eu claramente afirmei que ele é o maior piloto de todos os tempos.”
Perspectivas Futuras
Apesar de uma campanha desafiadora em 2024, Wolff está otimista quanto ao futuro da Mercedes. Ele destacou o compromisso da equipa em melhorar o desempenho em 2025 e enfatizou a importância de estabelecer as bases para as novas regulamentações de motores que entrarão em vigor em 2026.
“Estaremos a tentar fazer melhor a cada dia, a cada fim de semana,” disse Wolff. “O mesmo se aplicará à próxima temporada e depois o grande desafio em ’26.”
Uma Perspectiva Equilibrada
Os comentários de Wolff refletem uma compreensão mais ampla das oscilações da Fórmula 1. Embora a Mercedes tenha enfrentado contratempos nas duas últimas temporadas, o seu histórico de sucesso sustentado sublinha a dificuldade de manter a dominância num desporto tão competitivo como a F1. À medida que a equipa olha para o futuro, as lições das lutas recentes podem servir de base para a sua próxima era de sucesso.