Na antevisão ao encontro com o Benfica, que se disputa neste sábado no Estádio Algarve, com início às 18.00 h, Tozé Marreco, apesar do travão em Braga na última jornada, salientou a inversão do Farense no ciclo de seis derrotas consecutivas, e pediu aos seus jogadores que aliem organização à «ambição, crença e intensidade», pois só dessa forma a sua equipa estará mais perto de contrariar o favoritismo dos encarnados e poder conquistar pontos. O treinador acredita ainda que os algarvios irão terminar a prova no último lugar da classificação, que atualmente ocupam.
- Como é que vai contrariar o natural favoritismo do Farense e tentar conquistar pontos?
«Um jogo com um grau de dificuldade elevadíssimo, como sabemos e que é o normal quando jogamos contra equipas deste calibre. Agora, aquilo que me fica do jogo de Braga, que apesar de já ser passado, é que pecámos num momento muito perto do intervalo em que sabemos que não pode acontecer novamente, que os erros contra este tipo de equipas, e eu coloco também o SC Braga muito perto, porque para mim tem um plantel de possível campeão, sabemos que os erros se pagam caro. Preparou-se da mesma forma, exatamente, com bastante organização, a saber como temos de defender, como temos de atacar, onde podemos fazer mal, sabendo que nestas equipas é mais difícil encontrarmos problemas, mas temos as coisas absolutamente bem definidas no que temos de explorar, o que temos de contrariar, sabendo dos pontos fortes e na dinâmica ofensiva diferente que é este Benfica e, portanto, pôr isso em prática agora. É juntar a organização e o de sempre: a ambição, a crença e a intensidade nos duelos que precisamos. Muitas vezes os jogos vão para este tipo de duelos, aliar a organização que temos de ter, com muito poucos erros, sabendo que os erros neste tipo de jogos se vão pagar muito caro.»
- Um jogo contra um adversário como o Benfica dá motivação extra aos jogadores?
«A motivação tem de ser a mesma, seja contra a Sanjoanense, o Benfica ou o Casa Pia, que é a seguir. Nós estamos numa posição absolutamente delicada, sabemos disso. Invertemos um ciclo, e apesar da derrota - que assumimos-, invertemos um ciclo em que era de dinâmica de derrotas, e conseguimos inverter com muito mérito, com um empate nas Aves e depois com a vitória em casa com o Estoril e bastante debilitados que estávamos nesse momento. Conseguimos inverter esse ciclo de derrotas, que era decisivo. Mostramos que estamos absolutamente vivos no campeonato. Sabíamos que tínhamos esses dois jogos com diferentes características. Agora, aquilo que eu noto e aquilo que eu quero é que a mentalidade seja exatamente a mesma. É muito mau sinal quando encaras de forma diferente uma equipa grande e depois jogas com outra equipa e que a mentalidade não é a mesma. Isso não é admissível, não é sequer permitido. Não vejo isso acontecer neste grupo. Para nós é tão decisivo o jogo com o Benfica, como será o jogo a seguir com o Casa Pia. E, portanto, a mentalidade da equipa tem de ser a mesma e nós sabemos que precisamos de pontuar, estão 75 pontos em disputa. Sabemos que neste momento somos últimos, é a realidade, mas sabemos também que estamos num processo de crescimento em que demos a volta aqui a algumas coisas e que tivemos de ir por fases. Começámos com as fundações da casa, aqui a organizar uma série de coisas que tínhamos de alterar e agora nos próximos jogos vamos pôr em prática as outras coisas, porque temos de a crescer noutros aspetos e não tenho dúvida que vamos conseguir fazer. Somos últimos neste momento, com toda a certeza não vamos ser últimos no final do campeonato.»
- Este jogo não será no São Luís, mas sim no Estádio Algarve. O que isso traz ao jogo?
«Quero dizer que o São Luís vai ser a nossa força. Não tenho dúvida disso, que os jogos em casa vão ser absolutamente decisivos para nós e que vamos ter a força e o empurrão extra. E eu, quando fiz a análise antes de aceitar vir para cá, foi a contar com este estádio ao nosso lado. Se me perguntar assim: desportivamente, preferia jogar no São Luís? Isso é inegável. Eu não minto. Percebo a opção? Claramente que sim. O presidente faz e tem feito ao longo destes anos esforço financeiro enorme, para reestruturar o clube. E o desnível que cada vez se nota mais entre as equipas grandes e as outras, tem muito a ver também com a parte orçamental, portanto, percebo perfeitamente a opção, respeito-a perfeitamente. É no Estádio Algarve? É o que é! Temos de ir à luta dessa forma.»
- A estratégia será semelhante ao jogo com o SC Braga? Dadas as limitações ofensivas, com muitos jogadores lesionados…
«Faltam-nos sete jogadores. Três alas, agora dois avançados mais. É fácil a análise, que eu entendo, da parte do arrojo ofensivo. Tínhamos oito jogadores de fora. E, portanto, uma das prioridades foi recuperar esses jogadores para o que aí vem. Muitos deles são... teria que fazer a conta, três/quatro alas, dois avançados, etc. Muito da parte do pêndulo ofensivo que faltou e que eu concordo que faltou. E, como eu disse anteriormente, eu tive de ir por prioridades. Não dava neste mês de trabalho querer trabalhar a parte defensiva, ofensiva, o ataque rápido, as bolas paradas… Não. Tive de ir por prioridades. E a primeira prioridade foi estabilizar a equipa defensivamente naquilo que achávamos que era preciso. E agora vamos entrar no outro capítulo, com mais opções que precisávamos, que voltassem de lesão. Nós assumimos o risco enorme de pôr o Mehdi [Merghem] e o Darío [Poveda] a jogarem em Braga com dois treinos, depois de três/quatro semanas de paragem. Portanto, essa parte ofensiva vai aparecer, não tenho dúvida disso, com toda a gente disponível, com mais tempo para trabalhar aqui uma série de questões que nós já temos preparadas. Controlámos em grande parte do jogo o SC Braga, concordo que faltou-nos assustar mais, apesar de termos tido duas ou três situações em que podíamos ter feito melhor. Nós vamos ter capacidade de fazer muito mais, agora precisamos aqui de entrar nessa nova fase da construção da casa.»