A quebra na colocação de dívida pública, através de certificados de aforro e certificados do tesouro, penalizou as contas dos CTT no período de janeiro a setembro de 2023. O impacto negativo sentiu-se ao nível do resultado líquido que recuou 21,9% entre janeiro e setembro, face a igual período de 2023, situando-se nos 27,8 milhões de euros, menos 7,8 milhões de euros homólogos.

Segundo contas divulgadas esta terça-feira pelos Correios de Portugal, os rendimentos provenientes da dívida pública situaram-se nos 7,2 milhões de euros, menos 33,6 milhões que no mesmo período de 2023, um recuo de 82,4%. Não obstante, o resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) foi de 110,6 milhões de euros, uma queda de 4,3%.

O corte da remuneração dos certificados de aforro pelo anterior Governo levou a uma fuga dos portugueses para outro tipo de poupanças, nomeadamente depósitos, deixando para trás os máximos históricos atingidos na primeira metade de 2023. Uma tendência que, no entanto, abrandou em outubro, com a mudança no limite máximo de aplicação em Certificados de Aforro por subscritor, que passou de 50 mil euros para 100 mil euros.

Expresso e Encomendas puxam pelo resultado operacional

Se o lucro caiu, o rendimento operacional cresceu 10,7% para 792,3 milhões de euros, graças a "um desempenho recorde de Expresso e Encomendas e crescimento sustentado no Banco CTT". Os Correios avançam, em comunicado, que os resultados operacionais foram "impulsionados pela logística", onde houve um crescimento de 19,7% para 111,8 milhões de euros, puxados especialmente pelo segmento Expresso e Encomendas, que cresceu 44% para 101,0 milhões de euros.

Os CTT sublinham ainda que o "negócio de Espanha e Portugal tem sido uniformizado numa só oferta ibérica", fortalecida "também a articulação comercial" entre os dois mercados "na gestão de grandes contas internacionais". Fatores que tornaram a oferta mais dos CTT mais competitiva face aos concorrentes.

O crescimento do segmento Expresso e Encomendas é fruto, dizem os Correios, de uma maior procura pelo comércio eletrónico e ganho de quota de mercado, "refletindo os investimentos feitos na expansão e capacidade da rede, na extensão e diferenciação do portefólio dos serviços oferecidos".

Custo com trabalhadores sobe 5,7%

Os gastos com pessoal subiram 16,1 milhões de euros, um crescimento de 5,7%. Subida que resulta "essencialmente pelo reflexo do aumento salarial e do salário mínimo nacional (+10,2 milhões de euros)" e que "reflete um esforço adicional da empresa em virtude da situação económica que se vive".

Os CTT adiantam que "a evolução desta rubrica reflete também o crescimento da atividade de expresso e encomendas e de 'contact center' e gestão documental na área de soluções empresariais".

Em 30 de setembro, o número de trabalhadores dos CTT (efetivos do quadro e contratados a termo) era de 13.815, mais 357 (+2,7% homólogos).