Foi a criação da primeira Júnior Empresa – a Junior Entreprise – em 1967, em Paris, na ESSEC (L'Ecole Supérieure des Sciences Economiques et Commerciales de Paris), que deu início ao Movimento Júnior. Fundado devido à necessidade de complementarem os seus conhecimentos teóricos com experiências práticas reais antes de concluírem os seus estudos, o movimento rapidamente se espalhou pela Europa, dando origem a Federações Nacionais e à Confederação Europeia de Júnior Empresas – Junior Enterprises Europe.
Em Portugal, a primeira Júnior Empresa surgiu em 1990, mas somente em 2012 foram cumpridos os requisitos para a fundação da JE Portugal (Junior Entreprises Portugal), que atua como entidade reguladora das Júnior Empresas nacionais, funcionando como mediador entre as mesmas e os diferentes stakeholders.
As Júnior Empresas são 100% geridas por jovens universitários, têm o estatuto de organizações sem fins lucrativos, mas estão estruturadas como se de verdadeiras empresas se tratassem, providenciando serviços a instituições, empresas ou clientes particulares. O principal objetivo é que os seus membros aprendam através de experiências práticas, complementando a sua formação com uma abordagem voltada para o empreendedorismo.
Atualmente, o Movimento Júnior Português conta com mais de 1100 jovens empresários, que criaram 24 empresas, associadas a 16 faculdades. Só em 2022, estas empresas geraram, em volume de negócio, mais de 420 mil euros. Se olharmos para a rede europeia, regulada pela Confederação Europeia de Júnior Empresas, os números são ainda mais impressionantes: 33 mil empresários, distribuídos por 370 empresas com um volume de negócios de 13 milhões de euros, só no ano de 2022.
Todo o apoio e investimento que conseguem através dos seus projetos são investidos não só nas suas empresas, mas sobretudo na formação dos seus membros e no pagamentos das propinas universitárias.
A propósito da Celebração do Dia Mundial da Júnior Empresa, a JE Portugal promoveu um encontro entre empresários, alunos, parceiros e empresas na Sala Portugal da Sociedade de Geografia de Lisboa, com o objetivo de destacar o papel destas empresas na formação de jovens empreendedores. O evento aconteceu na passada quarta-feira e juntou cerca de 350 pessoas.
“É um dia muito importante, não só para celebrar todos os feitos até agora atingidos pelos Júnior Empresários, mas também para aumentar a nossa representação externa e manter a nossa rede altamente conectada”, avança ao SAPO, a presidente da JE Portugal, Carolina Silva.
Apesar de trabalharem em regime pro bono, a rotina de um destes jovens empresários é intensa: reveem metas e objetivos e desenvolvem estratégias para os alcançar, coordenam, lideram e distribuem responsabilidades, reúnem-se com clientes e procuram solucionar problemas, assegurando que os projetos estão alinhados com as suas expetativas. Todas estas e outras responsabilidades acontecem à margem das aulas a que, por vezes, se veem obrigados a faltar para poderem reunir-se com clientes.
Ainda que existam protocolos entre estas empresas e as instituições de ensino, na opinião de Carolina Silva, ainda há coisas que precisam de ser feitas, nomeadamente a criação de um estatuto de Júnior Empresário semelhante ao que já existe para dirigentes associativos e trabalhadores-estudantes. “As instituições de ensino têm de perceber que as Júnior Empresas trazem valor" e acrescenta que "representam um volume de faturação e capacitação dos jovens, sendo uma porta de entrada para o mercado de trabalho". Para a presidente da JE Portugal o caminho é trabalhar o reconhecimento destas empresas "e dar-lhes condições básicas, como uma sala própria para que possam realizar reuniões, acesso a época especial [de exames] e faltas justificadas".
O evento contou com a presença do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia; o adjunto da vereadora da Juventude da Câmara Municipal do Porto, Diogo Meireles; e o vogal da Direção do Instituto Português do Desporto e da Juventude, Carlos Manuel Pereira. Os discursos ficaram marcados por reivindicações, mas sobretudo por palavras de incentivo: “Precisamos de colocar ao serviço da economia e das nossas empresas, instituições e classe política aquela que é a geração mais qualificada de sempre, que é a vossa”, concluiu João Paulo Correia dirigindo-se à plateia de jovens empresários.