Num breve comunicado, o Banco Popular da China afirmou ter tomado esta decisão "tendo em conta a recente e contínua escassez de oferta no mercado das obrigações do Tesouro", limitando-se a referir que vai reativar estas operações "no momento oportuno, em função das condições de oferta e procura no mercado".

Quando as obrigações sobem de preço numa situação de forte procura, a taxa de rendimento - o retorno que um investidor espera receber todos os anos até ao vencimento - diminuem.

No caso da China, a forte procura dos investidores por títulos de dívida soberana reflete um ênfase em ativos seguros, face a uma prolongada crise imobiliária e consumo interno débil, que suscitaram receios de deflação (descida dos preços no consumidor) na segunda maior economia do mundo.

Antes da pandemia, o rendimento das obrigações do Tesouro a 10 anos de referência oscilava em torno de 3,3%, mantendo-se acima dos 2,5% até ao início de 2024. Desde então, caiu a pique e tem oscilado em torno de 1,6% em 2025.

Na sequência do anúncio do Banco Popular da China, a taxa de rendimento subiu quatro pontos base (0,40 pontos percentuais) para 1,675%, o valor mais alto desde dezembro.

Mas a agência de notícias económicas Bloomberg observou que a divergência em relação às obrigações dos Estados Unidos aumentou para um nível recorde, colocando uma pressão adicional sobre a taxa de câmbio da moeda chinesa, o renmimbi, em relação ao dólar.

Ao longo de 2024, o banco central advertiu que a curva de rendimento das obrigações se tinha "desviado claramente de um nível razoável" - idealmente entre 2,5% e 3%, segundo os seus modelos - e continuava a acumular riscos de uma bolha de liquidez que poderia afetar a estabilidade financeira.

A instituição chegou mesmo a intervir diretamente, vendendo obrigações de longo prazo e comprando títulos com vencimento a curto prazo a partir de agosto, para tentar contrariar o aumento da procura.

 

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