Ao apresentar hoje o relatório e contas da SAD, que tinha sido submetido na quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e contemplou um resultado líquido negativo de 21 milhões de euros (ME) na temporada 2023/24, o administrador financeiro José Pereira da Costa sinalizou os passos dados pela nova gestão de André Villas-Boas.
"Voltámos a ter credibilidade junto dos nossos parceiros. Até 30 de junho, tínhamos pagamentos imperativos de cerca de 16 ME. Se não fossem realizados, incumpríamos a regra que já nos levou a ter uma multa [em maio, de 1,5 ME] e a pena suspensa de desqualificação das provas europeias", apontou o dirigente, em conferência de imprensa.
Sucessora da anterior administração de Pinto da Costa desde 28 de maio, a estrutura de André Villas-Boas denunciou ter encontrado compromissos imediatos de 12 ME para liquidar até ao final desse mês, mais 16 ME de dívidas vencidas a fornecedores correntes.
José Pereira da Costa lembrou também o desfasamento entre passivo e ativo corrente da SAD, que terá de pagar 93 ME a clubes até junho de 2025, recebendo apenas sete ME.
"Quando tomámos posse, a liquidez disponível estava em mínimos históricos. Além disso, não havia nenhum processo de financiamento em curso. A única operação ativa era com a Ithaka Infra III, num acordo [de exploração comercial do Estádio do Dragão] que tinha sido celebrado por 65 ME, mas conseguimos renegociá-lo para, no limite, 100 ME", notou.
Até 30 de setembro, data de conclusão do primeiro semestre de 2024/25, a administração de André Villas-Boas já saldou 34 ME de dívidas antigas a fornecedores, encimadas pelas aquisições dos jogadores David Carmo (5,6 ME), Gabriel Veron (5,3 ME), Alan Varela (3,3 ME), Otávio Ataíde (três ME), Francisco Conceição (2,1 ME) e Samuel Portugal (1,5 ME).
A SAD liquidou também 11 ME em consumos correntes, sem dilatar os saldos vencidos na maior parte dos casos, mas não fez praticamente nenhum pagamento a intermediários, uma vez que aguarda pela conclusão da auditoria forense à anterior gestão.
Já o lançamento de um programa de papel comercial, que levantou quase 12 ME a 5% de juro, o incremento de receitas comerciais sem custo e a contenção de encargos salariais junto de administradores, funcionários e equipa principal, estimando uma redução anual de seis ME, contribuíram para reequilibrar as contas e corresponder às exigências da UEFA.
Numa semana em que recebeu 50 ME do contrato com a Ithaka, após a sociedade espanhola ter adquirido 30% dos direitos económicos da Porto Stadco ao FC Porto, a administração revelou o desejo de concretizar até ao fim do ano outras operações de financiamento em curso.
"Nesta altura, não podemos dar mais detalhes. A operação com a banca internacional continua a decorrer e esperamos ter novidades a breve trecho. Além disso, estamos a trabalhar noutras operações, que seguramente irão trazer a liquidez de que precisamos para passarmos a atuar como um clube normal, que paga aos fornecedores a tempo e horas e honra os compromissos", definiu José Pereira da Costa.
Outras prioridades são a potenciação de receitas operacionais, nomeadamente as comerciais, ou a manutenção de investimento na equipa principal, visando a presença assídua na Liga dos Campeões, objetivo falhado pelos 'dragões' na época passada, ao terminarem a I Liga no terceiro lugar, acedendo à edição 2024/25 da reformulada fase de liga da Liga Europa.
O caminho traçado para conseguir liquidez imediata apela igualmente à gestão rigorosa de custos, transformação digital, revisão do modelo empresarial do Grupo FC Porto e geração de resultados com transação de passes de futebolistas, que ocasionaram 59 ME fixos e 19,6 ME variáveis no último verão, contemplando custos de intermediação mais baixos.
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