Kiko Blasquez viajou de Serria, na província espanhola de Lugo (Galiza) para a Coudelaria de Alter, no distrito de Portalegre, para adquirir alguns dos 24 exemplares que estavam anunciados no leilão e, em declarações à agência Lusa, revelou que frequenta este evento no Alentejo "há vários anos".

Para o criador de cavalos de desporto, que observava junto às cavalariças alguns dos animais anunciados para venda, o cavalo Alter Real é "bom para a doma e tem boa atitude", para os objetivos que pretende atingir na sua coudelaria.

Kiko Blasquez, que cria também cavalos de raça Andaluz, pretendia acima de tudo adquirir machos, mas confessou que estava também "com os olhos postos em duas ou três éguas" que estavam anunciadas no leilão, que decorreu também de forma on-line.

O leilão, que contou com a presença de milhares de pessoas e com criadores inscritos oriundos de Portugal, Espanha, França e Alemanha, era composto por uma lista de 24 animais, nomeadamente 13 fêmeas e 11 machos. A licitação das éguas contava com preços-base que variavam entre os 4.500 e os 7.500 euros e, nos machos, os valores oscilavam entre os 7.000 e os 15.000 euros.

Por 15.000 euros estavam anunciadas "duas estrelas da companhia", o cavalo "Recatado", nascido a 21 de abril de 2021 e o "Recife", nascido a 11 de abril do mesmo ano.

Aliás, no lote que se apresentava a leilão destacava-se também a linhagem de alguns exemplares com ascendência em cavalos de renome da Coudelaria de Alter, tais como o 'Rubi', que competiu nos Jogos Olímpicos de Londres 2012, montado por Gonçalo Carvalho.

Em declarações à Lusa, Francisco Beja, diretor do departamento de coudelarias da Companhia das Lezírias, que gere a Coudelaria de Alter, explicou que os dois equinos com valor mais elevado no leilão, apresentavam aquele preço base porque, o "Recife" apresenta "uma boa genética" e "qualidades físicas, com performance", ao passo que o "Recatado" é um cavalo "com três andamentos (passo, trote e galope) muito bons".

O responsável sublinhou ainda que ambos os cavalos, "com qualidade radiográfica", estão "livres" de piroplasmose.

"Isso permite (sem piroplasmose) a exportação para os Estados Unidos que têm regras sanitárias muito apertadas em relação a essa situação", alertou.

O presidente da Companhia das Lezírias, Eduardo Oliveira e Sousa, disse à Lusa que devido às "regras apertadas" do Governo americano, no sentido de autorizar a entrada no país dos animais, a solução tem passado pelos criadores americanos adquirirem os cavalos Lusitanos no México ou no Brasil.

O responsável explicou ainda que o interesse pelo Cavalo Alter Real "está em crescendo" no mercado nacional e internacional, "pela sua qualidade e pelo trabalho bem feito" que os criadores estão a fazer.

Nesse sentido, um dos próximos objetivos que a Coudelaria de Alter gostaria de atingir passa pela conquista do mercado da China, que "é enorme", e ainda pelo "potencial enorme" que os países do "antigo bloco de leste" da Europa apresentam, entre outros mercados.

A Coudelaria de Alter do Chão, fundada em 1748 por D. João V, desenvolve trabalhos de seleção e melhoramento de cavalos Lusitanos e possui uma unidade clínica dotada com todos os meios para o acompanhamento e tratamento médico dos animais, acolhendo, nas suas instalações, entre outras valências, o Laboratório de Genética Molecular.

Em 2013, a Companhia das Lezírias assumiu a gestão da coudelaria, cabendo a gestão do Laboratório de Genética Molecular à Direção-Geral de Alimentação e Veterinária.

*** Hugo Teixeira (texto) e Nuno Veiga (fotos e vídeo), da agência Lusa ***

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