O Moza Banco, um dos cinco maiores de Moçambique, anunciou nesta sexta-feira que o luso-moçambicano João Figueiredo, presidente do conselho de administração, cessa funções, a seu pedido, no próximo mês. Em comunicado, o Moza Banco, que foi participado pelo Banco Espírito Santo português, refere que a saída de João Figueiredo, que foi também presidente da Câmara de Comércio Moçambique – Portugal, com uma carreira de 45 anos no setor bancário, deixa o cargo na assembleia-geral a realizar em 29 de abril próximo, enquanto recorda o papel que teve como presidente do conselho executivo, de 2016 a 2021, e a posterior presidência.

“Como líder transformador, João Figueiredo deixou uma marca indelével no Moza Banco”, reconhece a instituição, sublinhando que, na sua gestão, o banco acabaria por “resistir a uma conjuntura adversa que viria a enfrentar”, avançando com a expansão da atividade para novos mercados e produtos.

O Moza Banco passou em 2016 a ser liderado pela sociedade gestora do fundo de pensões dos trabalhadores do Banco de Moçambique, após intervenção do Estado, quando tinha o português Novo Banco, sucessor do Banco Espírito Santo, como um dos principais acionistas (49%).

“Enquanto firme defensor da sustentabilidade ambiental, João Figueiredo impulsionou ainda uma cultura de responsabilidade, rendendo ao banco vários elogios pelo seu compromisso em reduzir a sua pegada de carbono”, destaca-se no comunicado.

Segundo o banco, um novo presidente do conselho de administração “será anunciado em breve”.

Entretanto, o banco registou lucros de mais de 11,2 milhões de meticais (162 mil euros) até junho de 2024 – os dados mais recentes disponíveis -, recuperando dos prejuízos no mesmo período de 2023.

Segundo o relatório das demonstrações financeiras intercalares, do primeiro semestre de 2024, o Moza Banco recuperou dos prejuízos de quase 55,6 milhões de meticais (803 mil euros) nos primeiros seis meses de 2023.

O Moza Banco registava em 30 de junho um ativo total de 59,78 mil milhões de meticais (864 milhões de euros), um crescimento de 1,3% face a 31 de dezembro de 2023, enquanto o passivo total subiu 2%, para 50,2 mil milhões de meticais (725,5 milhões de euros).

O banco apresentou em 2023 um resultado anual líquido positivo de 101,8 milhões de meticais (1,4 milhões de euros), mais 13% face a 2022, com o número de clientes a crescer num ano 12,4%, para cerca de 242 mil.

“Este desempenho reflete o aumento na geração de receitas, impulsionado pela eficaz estratégia de recuperação de crédito vencido, e a contínua estratégia de otimização dos custos operacionais e de investimento, evidenciando uma melhoria significativa de eficiência operacional”, lê-se na mensagem do presidente do conselho de administração, João Figueiredo, no relatório e contas de 2023.

“Este crescimento advém, fundamentalmente, do aumento do volume de negócios, aliado a uma gestão rigorosa de custos e investimentos. Este desempenho reflete a eficácia das estratégias implementadas, orientadas para a sustentabilidade e o fortalecimento da posição competitiva do banco no mercado”, lê-se ainda no relatório e contas.

Tratou-se do segundo ano consecutivo em que o Moza Banco apresentou lucros, depois do resultado líquido positivo de 90,1 milhões de meticais (1,3 milhões de euros) em 2022, que então inverteu os prejuízos – que se acumulavam desde 2016 – de 1,38 mil milhões de meticais (20 milhões de euros) no exercício de 2021. O Moza Banco terminou 2023 com uma quota de mercado de 8,13% no crédito a clientes e de 6,53% em ativos.

A 31 de dezembro de 2023, o capital social do Moza Banco ascendia a mais de 7 mil milhões de meticais (101,5 milhões de euros), detido em 66% pela Kuhanha – Sociedade Gestora do Fundo de Pensões dos trabalhadores do banco central de Moçambique, seguindo-se a Arise B.V. com 30,7%, entre outros acionistas. Operava então 63 unidades de negócio em todo o país, com 943 trabalhadores.

Agência Lusa

Editado por Jornal PT50