Nove dos principais bancos e sociedades de crédito imobiliário que operam no Reino Unido acumularam pelo menos 803 horas, o equivalente a mais de 33 dias, de falhas tecnológicas e de sistemas não planeadas nos últimos dois anos, segundo novos dados publicados pelo Comité do Tesouro do Reino Unido.

Pelo menos 158 incidentes de falhas informáticas no setor bancário afetaram a capacidade de acesso e utilização de serviços de milhões de clientes, entre janeiro de 2023 e fevereiro de 2025.

Os dados referidos não incluem as falhas mais recentes que afetaram os clientes do Barclays entre 31 de janeiro e 2 de fevereiro e de vários bancos em 28 de fevereiro, perturbações que deixaram muitas pessoas angustiadas no dia de pagamento e que suscitaram preocupações dos deputados, refere a comissão em comunicado, acrescentando que solicitará mais informações às organizações envolvidas nestes casos.

Apesar de não incluir a informação nos seus números agregados, o Barclays conseguiu fornecer alguns dados sobre a recente interrupção que durou vários dias. O banco confirmou que 56% dos pagamentos online durante o incidente falharam devido a uma “grave degradação” do desempenho do seu processamento ‘mainframe’. O banco confirma que espera pagar entre 5 (5,75 milhões de euros) e 7,5 milhões de libras esterlinas (8,63 milhões de euros) de indemnização aos clientes por “incómodo ou angústia”.
Tendo em conta todas as informações partilhadas pelo Barclays, isto significa que o banco poderá pagar até 12,5 milhões de libras (14,38 milhões de euros) de indemnização devido às interrupções. O segundo montante mais elevado pago por uma empresa nos últimos dois anos foi de 350 mil libras (402,5 mil euros) pelo Bank of Ireland, explica o Comité do Tesouro.

“O facto de ter havido interrupções suficientes para preencher um mês inteiro nos últimos dois anos mostra que as frustrações dos clientes são completamente válidas. A realidade é que estes dados mostram que mesmo os bancos e as sociedades imobiliárias mais bem-sucedidos têm problemas técnicos. O que é fundamental é que reajam rapidamente e garantam que os clientes são mantidos informados durante todo o processo”, refere a presidente da Comissão de Seleção do Tesouro, Meg Hillier, no comunicado divulgado.

E acrescentou: “Para as famílias e indivíduos que vivem de salário em salário, perder o acesso aos serviços bancários no dia de pagamento pode ser uma experiência aterradora. Mesmo quando corrigida com relativa rapidez, pode causar um verdadeiro pânico, razão pela qual quisemos compreender bem por que razão ocorrem falhas bancárias não planeadas e como respondem os bancos e as sociedades imobiliárias. E sabemos que algumas podem prolongar-se por vários dias”.

Para além do Barclays, o Comité refere falhas informáticas no NatWest, Bank of Ireland, HSBC UK, Santander UK, Lloyds Banking Group, Allied Irish Bank, Danske Bank e Nationwide Building Society.

Várias destas falhas informáticas nos bancos britânicos têm feito manchete nos jornais. Por conseguinte, nesta sexta-feira, segundo o Financial Times, o Lloyds Banking Group está a contratar centenas de engenheiros de TI na Índia, enquanto planeia cortar centenas de empregos semelhantes no Reino Unido. A mudança implica a inclusão de 4 mil funcionários permanentes da área tecnológica na Índia, até o final do ano, segundo o jornal.

Do outro lado do Atlântico, ficou a saber-se no final de fevereiro que o Citigroup transferiu acidentalmente 81 biliões de dólares (cerca de 77,3 biliões de euros) para a conta de um cliente. O valor pretendido era de 280 dólares (267,25 euros), tendo o movimento sido revertido horas depois de acontecer.