No discurso de abertura das reuniões de Primavera do FMI e Banco Mundial, a responsável destacou os impactos da guerra comercial na economia, que serão quantificados no relatório sobre as perspetivas da economia mundial, a ser divulgado no início da próxima semana.

Nesse relatório, as "novas projeções de crescimento incluirão reduções significativas, mas não recessão", salientou Georgieva, e também serão revistas em alta as previsões de inflação para alguns países.

Quanto aos impactos das tensões comerciais, a responsável começou por destacar que "a incerteza custa caro", apontando que num mundo de tarifas bilaterais, cada uma das quais pode estar a aumentar ou diminuir, o planeamento torna-se difícil".

Além disso, "o aumento das barreiras comerciais afeta o crescimento em primeira linha" e "o protecionismo corrói a produtividade a longo prazo, especialmente em economias menores", alertou.

Neste cenário, a diretora-geral do FMI considerou que todos os países devem "redobrar os esforços para colocar as suas casas em ordem": "num mundo de maior incerteza e choques frequentes, não há espaço para atrasos nas reformas que visam fortalecer a estabilidade económica e financeira e aumentar o potencial de crescimento".

Georgieva salientou que os encargos da dívida pública são muito maiores do que há alguns anos, pelo que a maioria dos países deve tomar medidas para reconstruir a margem para aplicar políticas.

Já se for necessário avançar com apoios para lidar com os choques, estes devem ser "direcionados e temporários", alertou, repetindo um alerta que já tinha sido feito na crise inflacionista após a pandemia.

Focando-se especificamente na União Europeia (UE), a líder do FMI apontou que "a expansão orçamental assertiva da Alemanha para facilitar os gastos com defesa e infraestrutura impulsionará a procura interna, assim como políticas em toda a UE para melhorar a competitividade através do aprofundamento do mercado único".

"A Europa precisa de uma união bancária. A Europa precisa de uma união do mercado de capitais. E a Europa precisa de menos restrições ao comércio interno de serviços. A lista é longa", atirou a responsável, reiterando que a flexibilização fiscal e uma integração mais forte "impulsionariam o crescimento, aumentariam a resiliência e melhorariam os equilíbrios interno e externo".

A diretora-geral do FMI deixou ainda um apelo final para a cooperação global, defendendo que se deve garantir um acordo comercial entre os maiores participantes que preserve a abertura e ofereça condições mais equitativas.

MES // MSF

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