A vice-governadora do Banco de Portugal desafiou os bancos a agarrar o futuro com “inteligência”, na abertura da conferência Money Summit, organizada pela consultora EY. Clara Raposo considerou que dessa forma os bancos poderão vir a reduzir custos.
Recomendou cautelas acrescidas quanto a necessidades de "cibersegurança", para que as oportunidades tecnológicas e digitais sejam seguras, com capacidade para "reter os seus clientes" face a novos prestadores de serviços.
A vice-governadora fez ainda um balanço positivo da banca entre 2016 e junho de 2024. E nomeou alguns indicadores, como os de eficiência e de rentabilidade.
Se em 2016 o ROE, que mede a capacidade dos bancos pagarem aos acionistas, era negativo em 3,9%, hoje ronda os 16,3%, referiu, para justificar a constituição de novas reservas por parte do Banco de Portugal. É neste contexto positivo que o Banco de Portugal "considera necessário constituir reservas que podem ser necessárias" em momentos futuros menos positivos, disse.
IA é fundamental para aumentar produtividade
A Inteligência Artificial (IA) já é mas será ainda mais uma tecnologia mais utilizada quer na banca, quer nos seguros, ou por empresas como a Google Portugal e a SIBS.
E deve ser prioridade para todas as empresas já que aumenta a produtividade e quem não agarrar este comboio ficará para trás, é o que dizem os responsáveis da Google Portugal, da SIBS e das seguradoras Ageas e Generali/Tranquilidade.
"A IA vai aumentar a produtividade em 50%", defendeu por seu lado a CEO da SIBS, Madalena Cascais Tomé.
Bernardo Correia, líder da Google Portugal, afirmou que "temos de saber bem o que fazer porque a IA aumenta a produtividade do ser humano e representa crescimento", mas isso implica "investimento em estruturas", como construção de cabos marítimos" e "sermos rápidos a fazê-lo".
Luís Menezes, do grupo Ageas Portugal, disse que "quem não agarrar a tecnologia vai ficar para trás" e que todos os dias "vão aparecer novas fintech", a concorrer com bancos e seguradoras.
E deixou uma nota que o preocupa, "em Portugal ninguém nos diz que temos de poupar", e o sector segurador "não é visto como um veículo de poupança". E todos devem pensar nisto, porque "quando se chegar a 2070 as pessoas vão receber 31% do último salário como reforma" e “ninguém fala disto”.
Já Pedro Carvalho, líder da Generali/Tranquilidade, afirmou que a "adoção de IA é exponencial e não vai diminuir. São admiráveis os tempos novos para todos os sectores".
O gestor acrescentou que “as necessidades das pessoas não mudam todos os dias, mas o que estamos a fazer é a melhorar a forma de medir o risco e ajudar os clientes a fazê-lo”.
Luís Menezes, da Ageas, questionou também, “o que fazer com as pessoas que devido à IA vão ser redundantes?” E respondeu dizendo que “é preciso saber incluí-las em outras tarefas”.
Bernardo Correia, da Google Portugal, afirmou, por seu turno, que “a quota-parte da Google é preparar jovens para se tornarem peritos em IA”.
Banqueiros dão sinal positivo ao OE
Não era possível juntar os banqueiros depois do Orçamento do Estado para 2025 ter sido aprovado (semana passada) na generalidade, sem lhes perguntar quais as expectativas que têm e quase todos foram unânimes em apontar sinais positivos, embora considerem que se podia ir mais além.
Miguel Maya, presidente do BCP, foi o único que mostrou reservas em dar a sua opinião. “Vamos esperar para ver o que fazem com o OE no final do ano. Não quero comentar a descida do IRC”, disse.
O presidente do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, afirmou que este OE "é o possível com a margem que tem um governo minoritário", e o "mais importante é a sua execução, já que temos condições únicas de crescimento económico".
Já Paulo Macedo, presidente da CGD, disse que "é importante baixar a carga fiscal 1%", mas só se for entendido “como um sinal”.
Defende ser "fundamental baixar os impostos” quer para as empresas, quer para as famílias. “As empresas estão à espera de estímulos. O conjunto de medidas e efeitos é positivo para a economia”, mas quando o questionam se existem riscos afirma: “há sempre riscos, nomeadamente os geopolíticos”.
Já Pedro Castro Almeida, presidente do Santander Portugal, diz que “o IRS jovem é um bom sinal, a descida do IRC é um bom sinal”, mas é preciso fazer mais.
E Pedro Leitão, presidente do Banco Montepio, afirma ser preciso “mais ação” e “executar o OE”, embora diga que os sinais de descida da carga fiscal “deviam ser maiores”.
O presidente do Novo Banco, Mark Bouke, não pôde estar presente no evento.