Os trabalhadores do setor ferroviário afetos à CGTP Intersindical, concentrados esta quarta-feira em plenário no Entroncamento, aprovaram por unanimidade o caderno reivindicativo para 2025 onde reclamam um aumento salarial de 150 euros e o cumprimento de 35 horas de trabalho.

"Os trabalhadores decidiram por unanimidade apresentar à empresa uma proposta de aumentos salariais de 150 euros mensais e assumir a luta pelas 35 horas de trabalho, e, noutra vertente, discutir a situação do país e ações concretas de mobilização e luta", disse esta quarta-feira à Lusa o coordenador da CGTP, no final do plenário que reuniu cerca de 150 trabalhadores do setor ferroviário de todas as empresas do complexo oficinal do Entroncamento (Santarém).

Tiago Oliveira disse que a aprovação do caderno reivindicativo constituiu um "momento de afirmação dos trabalhadores, tanto da Medway como da CP", tendo destacado que os pontos aprovados são "fundamentais para a elevação da qualidade de vida" dos trabalhadores "e para uma perspetiva de futuro diferente da que têm hoje".

O coordenador da CGTP disse que o aumento salarial de 150 euros é a proposta para os cerca de oito mil trabalhadores do setor ferroviário nacional e que o plenário desta quarta-feira, no Entroncamento, vai decorrer em vários pontos do país, num plano de contactos e reuniões com trabalhadores em diversos locais de trabalho, com o objetivo de discussão das linhas reivindicativas para os próximos tempos.

"O sindicato está a discutir nos vários complexos que existem a nível nacional, mas o pontapé de saída que demos hoje neste plenário registou uma participação enorme de trabalhadores e o caderno reivindicativo foi aprovado por unanimidade", salientou, tendo Tiago Oliveira indicado à Lusa não haver, neste momento, greves marcadas pela CGTP.

"Neste momento ainda não", declarou, tendo feito notar que o momento é de "valorizar a discussão, valorizar o posicionamento dos trabalhadores, apresentar as propostas e lutar para atingir os objetivos".

A proposta para a ferrovia está em linha com a Política Reivindicativa para 2025 da CGTP-IN, que exige um aumento salarial de pelo menos 15%, num mínimo de 150 euros para todos os trabalhadores a partir de janeiro do próximo ano, bem como o aumento do salário mínimo nacional dos atuais 820 euros para 1.000 euros.

Questionado sobre a introdução do novo passe ferroviário de 20 euros, o dirigente sindical disse concordar com todas as medidas que "valorizem os transportes públicos, que levem as pessoas a utilizar os transportes públicos, e que permitam a melhoria de condições de vida nas próprias deslocações", o que notou, não foi acautelado com esta decisão.

"Não podemos avançar para medidas desta dimensão sem antes precaver os meios que garantam essas mesmas medidas e, o que é facto, é que continua a existir falta de profissionais e de meios técnicos", afirmou, tendo apontado o exemplo dos atrasos que se verificam nos comboios urbanos em Lisboa.

"Não chega para tudo, e só ultrapassando as necessidades se dá a devida resposta aos anseios das populações", declarou.

Tiago Oliveira destacou ainda que o plenário se realizou no âmbito da iniciativa 'Ação Nacional de Mobilização, Reivindicação e Luta', que a CGTP-IN leva a cabo entre os dias 07 de outubro e 08 de novembro, sob o lema "Aumentar os salários e as pensões, Defender os serviços públicos e as funções sociais do Estado, Resolver os problemas do País", mobilizando os trabalhadores na "discussão, assunção e luta em torno da exigência do aumento geral e significativo dos salários, e pela garantia dos direitos e reivindicações concretas".

"Discutimos e apelámos à luta dos trabalhadores e à participação na manifestação nacional de 09 de novembro que a CGTP-In vai levar a cabo contra todas estas políticas que estão em curso e que deterioram cada vez mais a circunstância de vida de cada um de nós", concluiu.