
Em comunicado, a Organização Não-Governamental (ONG) afirmou que, das quase 13 milhões de crianças afetadas com desnutrição aguda, estima-se que cerca de quatro milhões de crianças sofram de desnutrição aguda grave, a forma mais letal dessa condição.
"A região enfrenta níveis elevados de desnutrição infantil, devido a uma combinação de choques climáticos extremos, insegurança, instabilidade económica e cortes no financiamento da assistência nutricional às comunidades carenciadas, que pode salvar vidas", lê-se no documento.
A ONG descreve a situação da Somália como "particularmente grave", afirmando que 4,4 milhões de pessoas, quase um quarto da população do país, "irão passar fome a níveis de crise, prevendo-se que 1,7 milhões de crianças sofram de desnutrição aguda este ano".
A atual fraca pluviosidade, associada aos elevados preços dos alimentos e aos conflitos, são apontados como fatores que agravaram a crise, deixando as famílias com dificuldades de acesso à nutrição essencial, bem como à água, ao saneamento, à higiene e aos serviços de saúde.
"O que estamos a testemunhar é uma crise de desnutrição que está a ser exacerbada pela crise de financiamento global," afirmou a diretora regional da Unicef para a África Oriental e Austral, Etleva Kadilli.
No Sudão do Sul, a desnutrição entre as crianças com menos de 5 anos, assim como entre as mulheres grávidas e lactantes, continua a ser uma preocupação crítica, sendo que, em 2025, "mais de dois milhões de crianças com menos de 5 anos estão em risco de desnutrição aguda [desnutrição aguda moderada e grave]", um aumento de 26% em relação a 2024.
Com a atual instabilidade e deslocações no país, espera-se que estes números aumentem.
Em 2024, a Unicef, juntamente com parceiros governamentais e não-governamentais, chegou a quase três milhões de crianças e mulheres subnutridas na Etiópia, através de programas de alimentação suplementar e terapêutica.
Apesar dos esforços para prestar apoio nutricional na região, a escassez de financiamento está a dificultar os esforços para chegar a todos os necessitados, "com um défice estimado em 110 milhões de dólares para os suprimentos".
Os cortes no financiamento afetam as reservas de Alimentos Terapêuticos Prontos a Usar, que se prevê que se esgotem em meados de 2025 na Etiópia, Somália e Sudão do Sul, colocando milhões de crianças em risco de morte.
O plano de resposta a longo prazo da Unicef inclui um aumento dos esforços "para prevenir a malnutrição, melhorando as intervenções integradas, incluindo o acesso a alimentos nutritivos, água potável, cuidados de saúde básicos e ensino de práticas de higiene saudáveis".
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