No momento em que entramos em contagem decrescente para a grande festa dos 40 anos da BLITZ, na Meo Arena, em Lisboa, a 12 de dezembro – com concertos de Xutos & Pontapés, Capitão Fausto, Gisela João e MARO –, pedimos a músicos, promotores, jornalistas, radialistas e outras personalidades que vão ao baú resgatar memórias de quatro décadas de história, deixando-nos, também, uma mensagem para o futuro.
A recordação mais antiga que Tó Trips guarda da BLITZ é referente ao primeiro número do então jornal, com Siouxsie Sioux na capa. “Ainda o tenho aqui em casa. Comprei-o quando andava na [escola] António Arroio”, em Lisboa, diz. “Quando saiu, a BLITZ era a única publicação [sobre música], e durante muito tempo foi um bocado um oásis num deserto. Ainda apareceu o ‘LP’, mas desapareceu. Ficou o BLITZ como referência musical, neste país”.
O músico, cujo trabalho em projetos como Lulu Blind ou Dead Combo foi amplamente destacado pela BLITZ, garante que esta “contribuiu não só para a [sua] música mas para a de muita gente”. “No início, ainda havia mais esse interesse por bandas novas. Hoje em dia, acho que está um pouco perdido”, lamenta. “Se calhar, também pelo tamanho das redacções, é impossível estar em todo o lado”. A BLITZ, continua, “foi muito importante para todos os miúdos da altura, não só nos anos 80, mas também nos anos 90 e seguintes. Acho que continua a ser uma referência. Era uma compra semanal, desde o papel, até passar a revista. Hoje em dia sigo a BLITZ”.
Para Tó Trips, “foi uma pena os Prémios BLITZ terem acabado”. Nas cerimónias de prémios hoje existentes, afirma, “muitas vezes falta ali um lado de bandas novas, mais indie”. O músico, que descobriu “muitas bandas” nas páginas da BLITZ - dando como exemplo os Gun Club - fala de “um farol do que se passa na música portuguesa”. “É um indicador”, aponta, afirmando desejar que se escreva sobre “bandas novas, miúdos novos [e não tanto sobre] fait divers”. “O futuro é falar da música em si. Isso é o mais importante”, conclui.